Os Estados Unidos realizaram, no início de dezembro, um ataque com drone contra uma instalação portuária no litoral da Venezuela, em uma operação que teria envolvido a CIA (Agência Central de Inteligência). A ação, revelada por fontes à CNN, é considerada o primeiro ataque direto dos EUA contra um alvo em solo venezuelano, representando uma escalada inédita da atuação norte-americana na América do Sul.
O episódio ganhou repercussão após o próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar publicamente que um porto venezuelano foi atingido. Segundo ele, o local era utilizado para o carregamento de embarcações envolvidas com o tráfico internacional de drogas.
“Houve uma grande explosão na área do cais onde eles carregam os barcos com drogas. Eles carregam os barcos com drogas, então nós atingimos os barcos e agora atingimos a área. Aquela área não existe mais”, afirmou Trump durante um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Flórida.
O presidente norte-americano, no entanto, se recusou a confirmar oficialmente se o ataque foi conduzido pelas Forças Armadas ou pela CIA, limitando-se a dizer que sabe “exatamente quem foi”, mas que não revelaria detalhes.

Mudança de estratégia dos EUA na região
Até então, as operações norte-americanas vinham se concentrando em águas internacionais, especialmente no Caribe e no Pacífico Oriental, com alvos classificados como embarcações do narcotráfico. O ataque em território venezuelano indica uma mudança significativa de estratégia, aproximando as ações militares da costa e, agora, do interior de países latino-americanos.
De acordo com dados divulgados pelo próprio governo dos EUA, ao menos 107 pessoas morreram em 30 ataques desde setembro, em operações relacionadas ao combate ao que Washington chama de “narco-terrorismo”.
O Comando Sul dos Estados Unidos (US Southern Command) informou que, em uma das ações mais recentes, duas pessoas morreram em um ataque contra uma embarcação no Oceano Pacífico, classificadas como “narco-terroristas”.
Questionamentos legais e reação internacional
As ofensivas norte-americanas têm sido duramente criticadas por especialistas em direito internacional e organizações de direitos humanos. Para esses grupos, os ataques configuram execuções extrajudiciais e violam tanto a legislação internacional quanto princípios do próprio direito norte-americano.
Até o momento, o governo da Venezuela não divulgou um posicionamento oficial detalhado sobre o ataque específico ao porto. Analistas avaliam que o episódio pode aumentar a tensão diplomática entre Washington e Caracas e provocar reações de outros países da América do Sul, preocupados com a ampliação da atuação direta dos EUA na região.




