A rejeição aos brasileiros está crescendo em Portugal. Segundo uma pesquisa da Fundação Francisco Manuel dos Santos, 51% dos portugueses acreditam que o número de imigrantes do Brasil deveria diminuir. A informação foi publicada pelo jornal El País neste domingo (7) e confirma uma tendência que já vinha sendo relatada por imigrantes e entidades de direitos humanos.
Os brasileiros são hoje a maior comunidade estrangeira em Portugal, representando 31,4% dos 1,5 milhão de residentes internacionais. Eles também lideram as denúncias por discriminação: 34% dos registros enviados à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial em 2022 foram feitos por brasileiros.
Casos de violência e discurso de ódio ganharam repercussão. Em setembro, o padeiro João Paulo Silva Oliveira, de Aveiro, ofereceu 500 euros pela morte de brasileiros em vídeo nas redes sociais, episódio pelo qual responde por apologia à violência. No mês seguinte, Bruno Silva, ligado ao partido de extrema direita Chega, foi preso preventivamente após oferecer 100 mil euros pela morte da jornalista brasileira Stefanie Costa — a primeira prisão por discurso de ódio registrada no país.
Xenofobia linguística também tem sido comum. Brasileiros relatam críticas à pronúncia do português, hostilidade em escolas e ambiente de trabalho e episódios de violência física, como o ataque ao menino José Lucas, de 10 anos, em Cinfães.
Brasileiros sustentam parte importante da economia portuguesa
Apesar da rejeição, a presença de trabalhadores brasileiros nunca foi tão expressiva. Dados do Ministério do Trabalho de Portugal mostram que, em outubro, 401.712 brasileiros tinham empregos formais, o equivalente a quase 10% de toda a força de trabalho ativa do país.
Eles também representam 59,5% de todos os trabalhadores estrangeiros que contribuem para a Segurança Social, injetando quase 1,4 bilhão de euros no sistema previdenciário apenas em 2024.
De acordo com cálculos da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), oito em cada dez brasileiros regularizados no país possuem renda formal.
A relevância econômica já vem sendo reconhecida publicamente. O candidato à Presidência de Portugal Henrique Gouveia e Melo destacou recentemente “a importância incontornável da comunidade brasileira para o funcionamento da economia portuguesa”, em declaração reproduzida pelo PÚBLICO Brasil.




