O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, nesta terça-feira (23), que será candidato à Presidência da República em 2026 caso o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não possa concorrer. O ex-mandatário está condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foi considerado inelegível até 2062.
“Eu sou, na impossibilidade de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República; por isso que o sistema corre e se apressa para tentar me condenar em algum colegiado, que seja na Primeira Turma do STF, para tentar me deixar inelegível”, declarou Eduardo em entrevista ao Contexto Metrópoles.
A fala acontece um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo, acusando-os de coação em processo judicial. A PGR afirma que ambos tentaram obter sanções dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras para beneficiar Jair Bolsonaro.
Se a denúncia for aceita, Eduardo poderá responder pelo crime de coação previsto no artigo 344 do Código Penal, cuja pena varia de 1 a 4 anos de reclusão, além de multa.
Resistência no Centrão
Nos bastidores, líderes de partidos do Centrão avaliam que uma candidatura de Eduardo pode dividir a direita e facilitar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que poderia até vencer no primeiro turno. Segundo essa leitura, Eduardo buscaria herdar os votos do pai em 2026 para fortalecer seu nome com vistas a 2030, mesmo que tenha obstáculos jurídicos para levar a candidatura até o fim.
Críticas internas na família
A postura de Eduardo tem incomodado o próprio Jair Bolsonaro. Aliados próximos relatam que o ex-presidente considera que o filho tem “falado demais” e, com isso, prejudicado ainda mais sua situação jurídica e política.
Flávio Bolsonaro, irmão de Eduardo e senador pelo PL-RJ, também já teria sido enviado como emissário para aconselhar o deputado a reduzir a exposição pública e adotar um tom mais cuidadoso.
Apesar das pressões familiares, Eduardo tem dado sinais de que pretende manter a candidatura, ainda que sem o apoio direto do pai e mesmo diante da possibilidade de concorrer contra nomes apoiados pelo ex-presidente, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).