Estreou neste domingo (7), no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), o documentário Love + War, que mistura relatos íntimos com imagens impactantes da guerra na Ucrânia. Dirigido pelos vencedores do Oscar Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin, o longa retrata o trabalho da fotógrafa norte-americana Lynsey Addario, ganhadora do Prêmio Pulitzer, conhecida por registrar conflitos ao redor do mundo.
O filme deve chegar aos cinemas dos Estados Unidos em 12 de setembro, mas ainda não tem previsão de estreia no Brasil.
O documentário acompanha a rotina de Addario, que esteve na Ucrânia no momento da invasão russa, em 2022. Ela registrou uma das imagens mais emblemáticas do conflito: a foto de uma família morta por um ataque de morteiro enquanto tentava fugir do país. A cena estampou a primeira página do The New York Times e ganhou repercussão mundial.
Poucos dias depois, a fotógrafa retornou a Londres, onde vive com o marido, o ex-jornalista Paul de Bendern, e os dois filhos pequenos. O contraste entre o caos do front e a rotina familiar é um dos pontos centrais da narrativa. Em uma das cenas, exausta após semanas na Ucrânia, Addario afirma: “Crianças são muito mais difíceis que a guerra.”
A trajetória de uma fotógrafa em um mundo dominado por homens
Com 96 minutos de duração, Love + War também revisita os mais de 20 anos de carreira de Addario, que já cobriu conflitos no Oriente Médio, na África e no sul da Ásia. A fotógrafa sobreviveu a sequestros, perdeu amigos em zonas de combate e, ainda assim, insiste em dar visibilidade às vítimas da violência.
Segundo ela, documentar guerras é uma missão essencial contra a desinformação: “As pessoas podem descartar facilmente algo como ‘fake news’. Nosso trabalho é mostrar que não é falso — nós estivemos lá.”
Um retrato honesto do peso da profissão
Para além das imagens de guerra, o filme também mostra as tensões familiares causadas pela ausência da fotógrafa. As cenas em que o marido aparece sozinho cuidando dos filhos foram descritas por Addario como as mais difíceis de assistir: “É como ver as consequências da minha vida para as pessoas que amo. Não queria um retrato bonito ou invencível, mas sim a realidade.”
A recepção em Toronto já indica que o documentário deve figurar entre os mais comentados do circuito de festivais, tanto pelo impacto das cenas de guerra quanto pela discussão sobre os dilemas de conciliar carreira, maternidade e a necessidade de testemunhar a história.