Um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience revelou que a geleira Hektoria, localizada na Península Antártica Ocidental, está derretendo em uma velocidade sem precedentes. Entre novembro e dezembro de 2022, a geleira recuou 8,2 quilômetros — o equivalente a quase 10 vezes mais rápido do que qualquer outro derretimento já registrado em uma geleira ainda presa ao solo.
De acordo com os pesquisadores liderados pela cientista Naomi Ochwat, da Universidade do Colorado Boulder, esse fenômeno pode ser o primeiro exemplo moderno de um processo em que a frente de uma geleira “ancorada” no fundo do mar perde estabilidade de forma repentina, acelerando o colapso.
O que causou o derretimento tão rápido
Os cientistas acreditam que a explicação está em uma instabilidade na planície rochosa abaixo da geleira. À medida que o gelo ficou mais fino, partes começaram a se soltar e entrar em contato direto com a água do mar. Esse contato enfraqueceu a estrutura da geleira, permitindo que grandes blocos se desprendessem, formando icebergs e provocando o recuo acelerado.
“Esse processo é extremamente preocupante, pois pode ocorrer em geleiras maiores, com potencial de elevar o nível do mar de forma muito mais significativa”, alertam os autores do estudo.

Sinal de alerta para o futuro
A Hektoria é considerada uma geleira de pequeno porte, com impacto direto limitado sobre o nível global dos oceanos. No entanto, o que preocupa os especialistas é que o mesmo mecanismo que provocou o colapso rápido pode se repetir em outras partes da Antártida.
O evento foi descrito por pesquisadores como “um aviso do que pode estar por vir”, especialmente em um continente onde o aquecimento vem ocorrendo em ritmo acelerado.
O climatólogo Simon Clark definiu outubro de 2025 como “o pior mês de notícias climáticas” de toda a sua carreira e afirmou que os dados sobre o derretimento da Hektoria tornam o cenário ainda mais alarmante.
A corrida para entender o fenômeno
O colapso da geleira foi detectado por meio de imagens de satélite e voos científicos realizados entre 2022 e 2023. No período, a Hektoria perdeu cerca de 25 quilômetros de extensão — quase metade de sua área original.
O derretimento da Hektoria reforça o alerta da comunidade científica: o aquecimento global está transformando a Antártida mais rapidamente do que o previsto, e o tempo para conter os efeitos mais drásticos da crise climática está se esgotando.




