Criminosos estão sofisticando as fraudes com cartões e maquininhas de pagamento, e um dos golpes que mais crescem é o do “presente de aniversário”, em que falsos entregadores surpreendem as vítimas com a cobrança de uma suposta taxa de entrega. Para efetuar o pagamento, a vítima insere o cartão na máquina adulterada e digita a senha, que é transmitida para a quadrilha. O cartão ainda pode ser trocado por outro semelhante.
Segundo a Polícia Civil, essa prática tem se espalhado pelo país. Em Curitiba, por exemplo, uma única vítima teve prejuízo de R$ 28 mil em poucas horas, após cair no golpe aplicado por falsos ambulantes. Situações semelhantes já foram registradas em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O delegado Emmanoel David, da Delegacia de Estelionato de Curitiba, alerta que os criminosos utilizam maquininhas adulteradas que enviam os dados via Bluetooth diretamente para os golpistas. “Além das entregas falsas, há casos em eventos lotados, como shows e jogos de futebol, quando a vítima compra um lanche ou produto com cartão e acaba tendo os dados roubados”, disse.
Como funciona o golpe do presente de aniversário
- Um falso entregador aparece com um presente, geralmente em datas especiais como aniversários.
- Ele informa que é necessário pagar uma taxa simbólica de entrega, como R$ 10.
- No momento do pagamento, pede que a vítima insira o cartão porque “a aproximação não está funcionando”.
- Após digitar a senha, a máquina transmite os dados para a quadrilha e o cartão é trocado por outro muito parecido.
Em poucos minutos, os criminosos conseguem realizar compras de alto valor, muitas vezes ultrapassando R$ 8 mil em transações antes que a vítima perceba.
Outros golpes com maquininhas que preocupam
Além do “presente de aniversário”, a polícia lista outras modalidades frequentes:
- Erro na aproximação: golpistas induzem a vítima a inserir o cartão para clonagem.
- Senha antes da hora: a pessoa digita a senha antes da tela correta, permitindo que os criminosos a descubram.
- Golpe do delivery: motoristas de aplicativos alegam cobrança extra e usam maquininhas adulteradas.
- Compra duplicada: após uma transação, afirmam que houve erro e repetem a cobrança.
- Visor adulterado: com visor falso, adesivos ou quebrado para esconder o valor real.
Bancos podem ser responsabilizados?
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, as instituições financeiras podem ser responsabilizadas por falhas na prestação do serviço. Contudo, advogados explicam que muitos bancos se negam a ressarcir, alegando que a transação foi autorizada com a senha do cliente.
Há decisões judiciais obrigando bancos a devolver valores quando as compras fogem ao padrão de consumo do cliente, mas outras negam a restituição.