O governador do Paraná e pré-candidato à Presidência, Ratinho Júnior (PSD), admitiu neste sábado (6) que pode compor uma chapa em 2026 — inclusive como vice — ao afirmar que sua disposição de “colaborar com o novo Brasil” passa por “fazer parte de um time”, seja na liderança ou em aliança.
A declaração ocorre no momento em que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi oficializado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o nome da direita para a disputa ao Planalto.
A fala de Ratinho Jr. foi dada em entrevista coletiva no Rio, após a divulgação da carta do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Questionado sobre o cenário eleitoral e a escolha de Flávio Bolsonaro, o governador paranaense evitou confrontos e reforçou a disposição para alianças.

“O PSD está muito focado nesse sentido e em poder ser protagonista. Pode ser como ator principal, pode ser construindo uma aliança, pode ser estando junto com bons nomes”, afirmou Ratinho Jr.
O movimento é interpretado por aliados como uma sinalização de que Ratinho Jr. estaria disposto a ser o vice numa eventual chapa com Flávio Bolsonaro, caso o PSD opte por apoiar o nome favorito do bolsonarismo.
O anúncio de Flávio e o impacto na direita
Flávio Bolsonaro tornou público na sexta-feira (5) que foi confirmado pelo pai como o candidato do PL à Presidência.

“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu Flávio no X.
Jair Bolsonaro segue preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro, cumprindo a pena de 27 anos e 3 meses por liderar a trama golpista após as eleições de 2022.
Pesquisa Datafolha mostra vantagem de Lula
No mesmo dia da declaração, pesquisa Datafolha revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria Flávio Bolsonaro por ampla margem em um eventual segundo turno. Lula aparece com 51% das intenções de voto, contra 36% do senador — diferença de 15 pontos percentuais.
O levantamento entrevistou 2.002 eleitores entre 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais. Em relação à pesquisa anterior, realizada em julho, o petista aumentou a vantagem: à época, pontuava 48% contra 37% de Flávio.
A decisão do ex-presidente embaralha a corrida interna na direita. Governadores que vinham se apresentando como alternativas ao Planalto — Ratinho Jr., Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo) — agora disputam espaço com o herdeiro político do bolsonarismo. Já Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, pode optar por focar na reeleição em 2026.
Segundo analistas, a preferência de Bolsonaro por Flávio restringe o campo de ação dos demais pré-candidatos conservadores, podendo empurrá-los para disputas ao Senado.
Por ora, nenhum deles pretende declarar desistência. A expectativa é acompanhar se a campanha de Flávio irá se consolidar nos próximos meses, sobretudo diante da rejeição associada ao sobrenome Bolsonaro, apontada pelas pesquisas.




