O prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD), afirmou que ordenará internações compulsórias de pessoas que levarem bebês reborn — bonecos hiper-realistas — para consultas médicas em unidades de saúde da cidade. A declaração foi feita na última sexta-feira (16), por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais.
“Se alguém inventar de entrar em uma unidade de saúde para pegar uma ficha para levar o bebê reborn para consultar, a ordem está dada: pode internar involuntariamente”, declarou o prefeito, questionando se “está faltando Deus e espiritualidade” na sociedade.
A medida radical é uma reação ao aumento de casos em que donos desses bonecos têm buscado simular atendimentos médicos como se tratassem de crianças reais, o que, segundo Rodrigues, não será tolerado em Chapecó.
Debate chega ao Congresso Nacional
A repercussão do tema ultrapassou as redes sociais e já provocou reações no Legislativo. Três projetos de lei foram apresentados por deputados federais com o objetivo de restringir o uso e os benefícios atribuídos aos bonecos reborn:
- PL 2.326/2025 (Paulo Bilynskyj – PL/SP): proíbe profissionais da saúde, do setor público ou privado, de simular atendimentos médicos com bonecos;
- PL 2.320/2025 (Zacharias Calil – União Brasil/GO): considera infração administrativa o uso de bonecos como artifício para obter benefícios voltados a crianças de colo, como assento preferencial ou atendimento prioritário;
- PL 2.323/2025 (Rosangela Moro – União Brasil/SP): propõe sanções e regulações específicas para situações envolvendo esses bonecos e suas “mães”.
Parlamentares argumentam que o uso de espaços e direitos destinados a crianças reais por pessoas com bonecos representa um desvio dos recursos públicos e um possível transtorno de ordem psicológica.
Casos extremos e judicialização
O debate também chegou ao Judiciário. Um caso relatado pela advogada e influenciadora Suzana Ferreira expôs a disputa judicial pela guarda de uma boneca reborn entre um casal separado. Segundo ela, os ex-companheiros brigam pela posse da “filha reborn” e pelo controle das redes sociais que geram lucros com conteúdo envolvendo o brinquedo.
“O Instagram da bebê é um ativo digital atualmente, e está sendo tratado como patrimônio na separação”, relatou a advogada, que revelou também a existência de um enxoval e divisão de despesas com a boneca.
Apesar de o assunto ter ganhado visibilidade recentemente, a arte dos bebês reborn existe há mais de duas décadas. Trata-se de bonecos confeccionados com características extremamente realistas, que simulam a aparência, o peso e até o comportamento de recém-nascidos.
Influenciadoras como Nane Reborns, que possui centenas de milhares de seguidores, popularizaram o conteúdo ao mostrar rotinas com os bonecos: banhos, alimentação com mamadeira, choros simulados e até idas ao pediatra.