A poucos dias da eleição no Chile, a candidatura de Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho e integrante histórica do Partido Comunista, tem mobilizado multidões e alcançado um nível de apoio inédito desde o retorno da democracia, em 1990.
Em atos de campanha como o de Villa Alemana, onde a candidata discursou diante de centenas de apoiadores ao som de cumbia, o crescimento da comunista tornou-se símbolo de um país politicamente dividido — e de uma disputa marcada por frustração econômica e polarização.
Aos 51 anos, Jara defende reforço do sistema público de saúde, construção de moradias populares e elevação dos salários. Ela tem apostado fortemente em sua imagem de origem trabalhadora, argumentando que seu projeto busca “melhorar a qualidade de vida das pessoas”.
Caso vença, o Chile poderá ter, pela primeira vez, um governo abertamente comunista em mais de três décadas.
Venezuela: um regime de linha autoritária e socialista
Enquanto o Chile observa a ascensão de uma candidata comunista, a Venezuela já vive há anos sob um regime alinhado ao socialismo do chavismo, frequentemente descrito por críticos e opositores como um governo de orientação comunista.
O país atravessa nova escalada de tensões com os Estados Unidos, após o presidente republicano Donald Trump enviar tropas, navios de guerra, caças e até o porta-aviões USS Gerald R. Ford para o Caribe, em uma ofensiva alegadamente destinada ao combate ao narcotráfico. Segundo autoridades citadas pela CNN e CBS News, Trump ainda avalia a possibilidade de operações militares em solo venezuelano.
A mobilização inclui:
- 15 mil militares enviados à região
- Destróieres, caças F-35 e um submarino nuclear
- Operações secretas autorizadas à CIA dentro da Venezuela
Washington acusa Nicolás Maduro de chefiar o chamado Cartel de los Soles e oferece recompensa de US$ 50 milhões por sua captura. Trump também ampliou ataques a embarcações classificadas como pertencentes a “organizações terroristas”, com 21 bombardeios e 80 mortes até agora — ações criticadas pela ONU e por parte do Congresso americano.
Clima de tensão e avanço da polarização
A simultânea ascensão de uma candidata comunista no Chile e o agravamento da crise com o regime de Maduro ilustram a nova fase de instabilidade e realinhamentos ideológicos na América do Sul.
Enquanto a Venezuela permanece isolada diplomática e militarmente, o Chile pode estar prestes a eleger sua primeira presidente comunista desde o fim da ditadura. Para analistas locais, o fenômeno é resultado direto do desgaste econômico, da frustração com elites políticas e do aumento da desigualdade — motores que reacendem debates sobre modelos de Estado em toda a região.




