O Senado dos Estados Unidos aprovou, por margem mínima, um polêmico projeto de lei apoiado pelo ex-presidente Donald Trump que prevê cortes bilionários em programas sociais essenciais, como o Medicaid (assistência médica pública) e o SNAP (antigo food stamps, auxílio alimentação para famílias de baixa renda). A medida também amplia gastos militares, reduz impostos e enfraquece incentivos à economia verde.
O texto, aprovado por 51 votos a 50, com voto de minerva do vice-presidente JD Vance, reduz cerca de US$ 930 bilhões em recursos para os programas de saúde e alimentação. Especificamente:
- Corte no Medicaid: programa que oferece assistência médica a mais de 70 milhões de americanos. Estima-se que cerca de 11 milhões possam perder o acesso.
- Corte no SNAP: o auxílio alimentação deverá ter redução de US$ 230 bilhões em 10 anos, e novas exigências serão impostas aos beneficiários:
- Estados deverão arcar com 5% do custo do programa a partir de 2028.
- A idade para exigência de trabalho passa de 54 para 64 anos.
- Pais com filhos acima de 6 anos também deverão comprovar vínculo empregatício para manter o benefício.
Essas mudanças impactam diretamente milhões de famílias em situação de vulnerabilidade, incluindo idosos, pessoas com deficiência e trabalhadores de baixa renda.
Críticas e impacto social
A oposição e organizações ligadas à segurança alimentar alertam que a proposta penaliza os mais pobres para manter benefícios fiscais a empresas e contribuintes de alta renda.
“O SNAP ajuda pessoas idosas, trabalhadores de baixa renda e pessoas com deficiência a alimentarem suas famílias”, afirma comunicado do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).
O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) projeta que a medida adicionará US$ 3,3 trilhões à dívida pública do país — atualmente em torno de US$ 36,2 trilhões.
O projeto ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, onde enfrenta resistência até mesmo entre parlamentares republicanos. A votação definitiva deve ocorrer antes do feriado de 4 de julho, conforme prazo estipulado pela própria base governista.
Enquanto isso, democratas tentam incluir emendas para preservar os programas sociais. Segundo analistas, o corte pode agravar a insegurança alimentar e provocar impacto profundo no acesso à saúde pública em diversos estados.
Uma guinada política
Com o avanço do projeto, o governo Trump reforça sua estratégia de campanha para 2026, centrada na redução de impostos, endurecimento da política migratória e revisão de programas sociais federais.
Segundo o líder da maioria no Senado, John Thune (R-SD), “com esta legislação, estamos cumprindo o mandato que nos foi confiado e preparando os EUA para um futuro mais seguro e próspero”.
Já para críticos, a proposta representa um retrocesso na proteção social americana e evidencia o crescimento da desigualdade como resultado de uma política econômica que prioriza cortes fiscais em detrimento do bem-estar da população.