Depois do presidente Donald Trump associar o uso de Tylenol na gravidez a casos de autismo, agora Trump e o seu secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., estão promovendo mais uma teoria. Dessa vez, eles estão associando o transtorno à circuncisão e ao medicamento para dor que os pacientes tomam após o procedimento.
Para quem não sabe, a circuncisão é a remoção cirúrgica do prepúcio, a pele que cobre a glande (cabeça do pênis). Opcional, essa operação pode ser feita por motivos religiosos, culturais ou de saúde. Ela é um ritual tradicional no judaísmo e no islamismo, por exemplo.
A associação entre autismo e circuncisão foi “ridicularizada” por especialistas e o estudo citado por defensores da teoria estaria cheio de erros, que foram apontados por outros cientistas na época em que foi publicado, lá em 2015, explicou David Mandell, psiquiatra da Faculdade de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia, à AFP. Para especialistas, essa afirmação é mais um exemplo do secretário de saúde dos EUA se baseando em “pseudociência”.
Governo Trump também associou autismo ao Tylenol
Outra afirmação recente do governo Trump sobre autismo é que o uso de Tylenol na gravidez ou quando o bebê é muito pequeno poderia aumentar o risco do transtorno. O secretário declarou que “há dois estudos que mostram que crianças circuncidadas precocemente têm o dobro da taxa de casos de autismo (…). É muito provável que seja porque recebem Tylenol”.
Consultada pela AFP, a professora e especialista em autismo da Universidade de Boston Helen Tager-Flusberg afirmou que nenhum dos estudos comprova que dar Tylenol a bebês tenha relação com um risco maior de autismo.
“Embora alguns estudos tenham sugerido uma possível associação entre o autismo e o paracetamol durante a gravidez, nenhum vínculo causal foi comprovado”, explica o GLOBO. A análise mais rigorosa já feita sobre o tema, publicada na JAMA no ano passado, não encontrou nenhuma relação.