Depois que a revista Piauí revelou despesas milionárias da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante a Copa do Mundo de 2022 — entre passagens aéreas, hospedagem em hotéis de luxo e ingressos distribuídos a convidados do presidente Ednaldo Rodrigues — muitos torcedores se perguntaram se o governo brasileiro também financia o futebol mais famoso do país.
A resposta é não. Todo o custo da Seleção, incluindo o salário do técnico Carlo Ancelotti, é bancado pela própria CBF, entidade privada e independente do poder público.
O balanço financeiro mais recente da confederação mostra um cenário de prosperidade. Em 2024, a CBF registrou faturamento de R$ 1,3 bilhão e ampliou seu caixa de R$ 1 bilhão em 2023 para R$ 2,43 bilhões ao final do ano seguinte.
A maior parte das receitas veio de direitos de transmissão e comerciais (R$ 723,9 milhões) e patrocínios (R$ 451,4 milhões), que têm a Seleção Brasileira como principal ativo.
O salto bilionário nas reservas se explica por um novo contrato com a Nike, assinado em novembro de 2024. O acordo prevê um bônus antecipado de R$ 920 milhões e mais R$ 435 milhões em adiantamentos referentes a 2025 e 2026. Sozinho, o contrato garantiu mais receita do que toda a arrecadação da CBF em 2023.
O salário de Ancelotti e os custos da Seleção
De acordo com levantamento da Front Office Sport e da Give Me Sport, Carlo Ancelotti recebe cerca de R$ 61,3 milhões por ano, o que o coloca entre os dez técnicos mais bem pagos do mundo. Todo esse valor sai dos cofres da CBF, assim como as despesas com viagens, hospedagens e logística da equipe.
Em 2024, os custos totais da Seleção Brasileira chegaram a R$ 201,1 milhões, segundo o balanço da entidade. Ainda assim, a CBF terminou o ano no azul, com superávit de R$ 106,6 milhões.
Entidade privada, dinheiro próprio
Ao contrário do que muitos imaginam, a CBF não recebe repasses do governo federal nem usa verba pública para custear o futebol profissional. Suas receitas vêm de contratos comerciais, transmissões de jogos, bilheteria, premiações e programas de desenvolvimento.
Mesmo com as críticas sobre o uso interno dos recursos e a falta de transparência nos gastos, o fato é que o poder financeiro da CBF vem do próprio futebol — especialmente da Seleção Brasileira, que continua sendo um dos produtos esportivos mais rentáveis do planeta.