A escalada de tensões entre Israel e Irã atingiu níveis alarmantes após uma série de ataques mútuos envolvendo alvos estratégicos e civis. Desde a última sexta-feira (13), bombardeios atingiram inclusive instalações nucleares, como a usina de Natanz, no Irã, e edifícios em Teerã, o que aumentou os temores de uma possível guerra nuclear no Oriente Médio.
O conflito, que já provocou centenas de mortes e milhares de feridos, preocupa governos em todo o mundo — inclusive o Brasil. O temor maior, agora, é que uma eventual guerra atômica tenha repercussões planetárias. Mas, afinal, o Brasil poderia ser afetado diretamente por uma guerra nuclear entre Irã e Israel?
De acordo com Claudio Geraldo Schön, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do curso de Engenharia Nuclear, explosões nucleares entre Irã e Israel não teriam efeito direto sobre o território brasileiro. A explicação está na dinâmica atmosférica: há uma barreira natural de alta pressão próxima ao Equador que impede que partículas e radioatividade do hemisfério norte cruzem para o sul, onde se localiza o Brasil.
Por esse motivo, uma explosão nuclear isolada no Oriente Médio não afetaria o ecossistema brasileiro de forma imediata ou física.
Mas os efeitos indiretos seriam inevitáveis
Apesar da baixa probabilidade de impacto ambiental direto, os desdobramentos de uma guerra nuclear poderiam ser catastróficos no plano global. Especialistas lembram que conflitos desse tipo tendem a envolver grandes potências, como Estados Unidos, Rússia e China — o que colocaria o planeta inteiro em risco.
Do ponto de vista econômico e geopolítico, o Brasil sentiria os efeitos. O Itamaraty já se posicionou de forma crítica ao ataque israelense ao Irã, classificando a ação como violação à soberania iraniana e ao direito internacional. O governo brasileiro também expressou preocupação com a ameaça à paz global, à segurança regional e à estabilidade econômica mundial.
Delegações brasileiras sob risco
A tensão também teve reflexos diretos sobre cidadãos brasileiros. Duas comitivas com prefeitos de cidades brasileiras que estavam em Israel precisaram se abrigar em bunkers subterrâneos após os primeiros ataques. A Confederação Nacional dos Municípios confirmou que os grupos já deixaram o país e seguiram para a Jordânia em segurança.
Em resposta ao agravamento do conflito, o governo brasileiro avalia suspender relações militares com Israel, incluindo contratos e acordos de cooperação na área de defesa. A ideia, segundo fontes diplomáticas, seria manter as relações diplomáticas formais para preservar os interesses de brasileiros em território israelense e também dos palestinos.
Escalada atinge níveis extremos
Desde sexta-feira, mísseis e drones vêm sendo disparados pelos dois lados. Os ataques de Israel mataram mais de 220 iranianos, enquanto as retaliações do Irã já deixaram pelo menos 24 mortos em Israel, segundo dados oficiais de ambos os governos.
Na manhã de segunda-feira (16), um bombardeio israelense atingiu a sede da TV estatal iraniana IRIB, em Teerã, enquanto a emissora transmitia ao vivo. Em contrapartida, sirenes de emergência soaram em cidades israelenses como Tel Aviv, Haifa e Bersebá, diante de novos ataques aéreos iranianos.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou não descartar a possibilidade de ordenar o assassinato do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Segundo ele, a morte encerraria “de uma vez por todas” o conflito entre os países.
