Conhecido mundialmente como o pai da física moderna, Isaac Newton também mergulhou profundamente em temas religiosos. O que poucos sabem é que o cientista acreditava que Jesus Cristo retornaria à Terra no ano de 2060. Essa previsão foi feita há mais de três séculos, com base em cálculos que ele elaborou a partir do livro bíblico de Daniel.
Segundo manuscritos descobertos e preservados pela Biblioteca Nacional de Israel, Newton calculou a data interpretando simbolicamente passagens proféticas como “tempo, tempos e metade de um tempo” (Daniel 12:7), que ele entendeu como 1.260 anos. Começando a contagem a partir do ano 800 d.C. — marco que, segundo ele, representava a consolidação do poder papal —, Newton chegou ao ano de 2060 como o fim de uma era.

A previsão de Newton veio à tona apenas em 2003, graças ao documentário britânico Newton: The Dark Heretic, da BBC. A repercussão foi global. O Daily Telegraph publicou a história na capa e o tema logo se espalhou pela imprensa internacional, com entrevistas de estudiosos e pesquisadores que vinham analisando os manuscritos teológicos do cientista.
Embora a revelação tenha causado surpresa, o estudo da profecia bíblica era uma das maiores paixões de Newton. Para ele, essas profecias não eram meras alegorias, mas uma forma legítima de prever eventos futuros. Ele escreveu que as Escrituras continham “histórias do futuro” e que entendê-las era um dever espiritual de máxima importância.
2060: fim do mundo ou início de um novo tempo?
É importante destacar que Newton não falava de um apocalipse destrutivo. Em sua visão, o ano de 2060 marcaria o fim de sistemas corrompidos e o início de um reinado de paz, com o retorno de Cristo e a restauração da verdadeira fé cristã. Ou seja, seria uma transição espiritual — não um colapso da humanidade.
“Não vejo razão para esse fim ocorrer antes de 2060”, escreveu ele em uma carta datada de 1704. Ainda assim, o próprio Newton tinha reservas quanto a definir datas proféticas com precisão, temendo que isso colocasse em descrédito a fé caso a previsão falhasse.
Os escritos teológicos de Newton ficaram ocultos por mais de dois séculos. Herdados por familiares, os documentos só foram a leilão em 1936, e parte deles foi adquirida pelo acadêmico judeu Abraham Yahuda. Apenas em 1969 os manuscritos chegaram a Israel, e foi somente nos anos 1990 que começaram a ser estudados em profundidade.
Desde então, projetos como o Newton Project, da Universidade de Oxford, vêm digitalizando e publicando os textos, revelando uma faceta surpreendente do cientista: alquimista, teólogo e exegeta profético.