Nos anos 1990, o ucraniano Richard Sandrak se tornou uma figura mundialmente famosa. Apelidado de Pequeno Hércules, ele era visto como o “garoto mais forte do mundo”. Aos 5 anos, treinava oito horas por dia; aos 8, exibia abdômen definido, peitorais esculpidos e fazia supino com três vezes o próprio peso corporal. Era aclamado como um mini-Schwarzenegger e rodava o mundo participando de competições de fisiculturismo.
Por trás do corpo impressionante, porém, havia uma realidade muito diferente da que o público imaginava. Sandrak revelou que foi forçado a manter uma rotina “antinatural”, com níveis perigosamente baixos de gordura corporal, e sofria abusos físicos e emocionais do pai.
“Quando as pessoas falam de uma lembrança de infância, é algo positivo. Eu não consigo me identificar. Sofria abusos todos os dias”, contou ele ao Metro.

Treinos exaustivos e abuso do pai
Richard descreve que seu pai tinha explosões de raiva e transformava supostos treinos em verdadeiras sessões de tortura.
Ele relembra:
- fazer chute triplo por 12 horas seguidas;
- realizar centenas de repetições, como 600 flexões e 300 agachamentos;
- fazer exercícios ininterruptos enquanto assistia a filmes;
- e sofrer agressões físicas caso pedisse para parar.
“Havia dias em que um treino normal virava algo que parecia uma situação de sequestro”, relatou.
Homeschooled, sem amigos e isolado do mundo externo, Richard cresceu sem perceber que vivia uma realidade abusiva — até que, aos 11 anos, tomou coragem para denunciar o pai após uma agressão contra sua mãe. Pavel Sandrak foi preso e deportado para a Ucrânia. Richard nunca mais o viu.
Liberdade, comida e uma vida normal
Com a saída do pai, Richard pôde, pela primeira vez, ir para a escola, experimentar “a infinidade de comidas incríveis que nunca pôde provar” e fazer amigos. Também abandonou a musculação aos 16 anos, descrevendo o treino como “um gatilho traumático”.
Ele passou a praticar esportes por prazer, como ginástica, natação, mergulho, basquete e skate, mas acabou desenvolvendo dores crônicas nas articulações devido aos anos de sobrecarga física na infância.
Vida adulta, anonimato e sobriedade
Ao completar 18 anos, Richard decidiu deixar os holofotes e trabalhar em empregos comuns. Foi funcionário de uma cafeteria, trabalhou como chef e, mais tarde, como dublê. Porém, sua vida adulta também trouxe desafios: ele mergulhou no alcoolismo, consumindo até uma garrafa de tequila por dia.
Hoje, aos 33 anos, está sóbrio há mais de um ano, vive uma rotina discreta em Los Angeles com a namorada — que é advogada — e seus dois gatos, Miko e Mushu. Ele atua como gerente de varejo e rejeita completamente o passado de exploração infantil.




