Descer escadas, algo presente no dia a dia de milhões de brasileiros, pode ser muito mais do que uma simples locomoção. Um estudo da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, em parceria com universidades de Taiwan e da Austrália, mostrou que a prática, realizada de duas a três vezes por semana, durante 20 a 30 minutos, ajuda a perder peso, aumentar a força muscular e controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Publicado no British Journal of Sports Medicine, o trabalho classificou a atividade como um exercício excêntrico, no qual o músculo se alonga enquanto se contrai — movimento que gera força com menos impacto e desgaste físico.
Segundo o professor Leonardo Coelho Rabello de Lima, da USP, embora subir escadas também traga benefícios cardiorrespiratórios, a descida é menos cansativa, exige menor elevação da pressão arterial e ativa mais os músculos dos quadríceps, glúteos e posteriores da coxa por meio da contração excêntrica.
Esse tipo de esforço é semelhante ao ato de sentar-se lentamente em uma cadeira, quando o corpo precisa controlar o peso sem deixar a gravidade assumir totalmente o movimento. “É uma opção especialmente indicada para idosos ou pessoas com condições crônicas, que podem ter dificuldade com exercícios de maior intensidade”, ressalta Lima.
Benefícios comprovados para a saúde
Entre os principais ganhos da prática estão:
- Perda de gordura corporal e fortalecimento dos músculos esqueléticos;
- Melhoria do condicionamento físico e resistência à insulina;
- Auxílio no controle de diabetes e hipertensão;
- Possível impacto positivo em casos de osteoporose — atualmente, a USP estuda seus efeitos em mulheres na menopausa, fase em que a doença é mais comum.
De acordo com o educador físico Rafael Akira, criador do “Método Escada”, essa é uma estratégia eficaz para quem está sem condicionamento físico ou quer começar uma atividade sem grandes investimentos.
Alternativa de baixo custo (quase zero)
Diferente de outros exercícios excêntricos, como o ciclismo excêntrico — que exige bicicletas ergométricas especiais que podem custar mais de R$ 150 mil —, a descida de escadas é praticamente gratuita, podendo ser feita em prédios, shoppings ou centros comerciais, desde que autorizada e em horários adequados.
Apesar disso, a prática ainda é pouco divulgada. “Não vemos incentivo na mídia para essa atividade, embora seja mais acessível que a caminhada ou equipamentos caros”, observa Lima.