Um gesto simples de higiene bucal pode ser uma poderosa arma contra o acidente vascular cerebral (AVC). Segundo um estudo apresentado na International Stroke Conference 2025, em Los Angeles, usar fio dental ao menos uma vez por semana pode reduzir em até 44% o risco de AVC cardioembólico, tipo de derrame causado por coágulos vindos do coração.
A pesquisa também aponta uma redução de 22% no risco de AVC isquêmico (o mais comum, causado por obstrução das artérias cerebrais) e 12% de menor chance de desenvolver fibrilação atrial, arritmia cardíaca que aumenta as chances de AVC e insuficiência cardíaca.
A descoberta vem do estudo Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC), um dos maiores do tipo já realizados nos Estados Unidos. Conduzido pela Universidade da Carolina do Sul, o estudo avaliou 6.258 pessoas ao longo de 25 anos, levando em conta fatores como pressão arterial, diabetes, colesterol, IMC, tabagismo e frequência de visitas ao dentista.
Os pesquisadores queriam entender qual hábito de higiene bucal — escovação, uso de fio dental ou idas ao dentista — teria maior impacto na saúde cardiovascular. O uso do fio dental foi o que demonstrou maior associação com a redução de riscos.
Por que o fio dental protege o coração e o cérebro?
A explicação está na relação entre saúde bucal, inflamação e doenças cardiovasculares. Segundo o neurologista Souvik Sen, líder da pesquisa:
“O uso do fio dental pode reduzir infecções e inflamações na boca, o que, por sua vez, diminui o risco de formação de coágulos e endurecimento das artérias.”
Ou seja, manter a saúde da gengiva e evitar acúmulo de bactérias pode impactar positivamente todo o sistema circulatório — inclusive o cérebro.
Fio dental: acessível e eficaz
Apesar de parecer um cuidado secundário, o uso do fio dental é um hábito acessível, barato e fácil de adotar, segundo os pesquisadores. Em comparação com o alto custo de tratamentos para AVC e doenças cardíacas, a simples inclusão do fio dental na rotina pode ser uma estratégia de saúde pública eficiente.
Ainda assim, os autores alertam que o estudo foi baseado em respostas de questionário e não monitorou o comportamento dos participantes ao longo dos 25 anos, o que exige mais pesquisas para confirmação definitiva.