Durante quatro décadas, o Maksoud Plaza, a poucos metros da Avenida Paulista, foi sinônimo de luxo e referência na hotelaria brasileira. O empreendimento pioneiro, com átrio imponente e elevadores panorâmicos, foi palco de festas da elite paulistana, cenário de novelas da TV Globo e hospedagem de ícones como Michael Jackson, Mick Jagger, David Bowie, Margaret Thatcher, Ray Charles, Diana Ross e Quentin Tarantino.
No entanto, o que já foi um dos endereços mais badalados de São Paulo fechou as portas em dezembro de 2021, em meio a dívidas trabalhistas, litígios societários e uma crise financeira que se arrastava há anos. O encerramento foi marcado por cenas caóticas: os últimos hóspedes foram retirados às pressas, sem aviso prévio, episódio que viralizou nas redes sociais.
O declínio do Maksoud está diretamente ligado à derrocada financeira da família fundadora. Henry Maksoud, responsável pela construção do hotel nos anos 1970, chegou a figurar entre os empresários mais poderosos de São Paulo. Hoje, seu filho, Claudio Maksoud, enfrenta processo de despejo em Higienópolis e briga judicial para recuperar o quadro Figura em Azul, de Tarsila do Amaral, avaliado em R$ 85 milhões, parte do espólio de sua mãe, Ilde Maksoud.

Claudio declarou não ter condições de arcar com as custas do processo, pedindo justiça gratuita ao Tribunal de Justiça de São Paulo. O contraste entre a riqueza de outrora e a atual crise dos herdeiros simboliza o fim melancólico da era Maksoud.
Um império que não se completou
Além da unidade paulistana, outro projeto da rede — o hotel em Bauru, no interior paulista — também virou um retrato de promessas não cumpridas. Anunciado em 1989 como o primeiro hotel e shopping de luxo da região, o empreendimento nunca foi concluído. Após três décadas de abandono, o prédio inacabado foi vendido em 2024 a um fundo de investimentos, que iniciou apenas a limpeza do local.
De Sinatra à ficção televisiva
O Maksoud Plaza não foi apenas destino de hóspedes ilustres. Em 1981, o Salão Nobre recebeu Frank Sinatra, em uma das apresentações mais históricas da capital paulista. Décadas depois, o local virou cenário de novelas e séries, como A Torre de Babel, que imortalizou a cena da morte da vilã Ângela (Claudia Raia) no átrio do hotel.
Hoje, sem o brilho dos holofotes, o Maksoud é lembrado pela memória coletiva como símbolo de uma era em que São Paulo ostentava modernidade e grandiosidade. O prédio que um dia abrigou reis, astros de Hollywood e lendas da música mundial agora se tornou um retrato da efemeridade do luxo.