O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou nesta quinta-feira (21) a suspensão cautelar do contrato firmado com a Crefisa, instituição que venceu 25 dos 26 lotes do leilão para pagamento de benefícios previdenciários entre 2025 e 2029.
Segundo despacho publicado no Diário Oficial da União, a decisão vale para as novas concessões de benefícios e tem como objetivo interromper possíveis irregularidades enquanto prosseguem as apurações.
O INSS informou que a medida foi adotada após receber reiteradas reclamações de segurados em diferentes canais, como Procons, Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a própria ouvidoria da Previdência.
Problemas relatados por beneficiários
Entre as denúncias registradas estão:
- atrasos e impedimentos no recebimento de valores;
- obrigatoriedade de abertura de conta corrente;
- venda casada de produtos;
- portabilidade de benefícios sem autorização;
- falta de estrutura adequada nas agências, como filas extensas e ausência de caixas eletrônicos.
O presidente do INSS, Gilberto Waller Junior, que assinou a determinação, destacou que a suspensão é necessária para “salvaguardar o interesse público” e evitar prejuízos aos segurados, especialmente os mais vulneráveis.
O que diz a Crefisa
Em nota, a instituição financeira declarou ter recebido “com surpresa” as informações e afirmou não ter sido oficialmente notificada da decisão. O banco nega todas as acusações e reforça que não há registros de segurados que tenham deixado de receber seus benefícios.
A empresa, presidida por Leila Pereira, também investidora do Palmeiras, disse já ter aplicado mais de R$ 1 bilhão em tecnologia e infraestrutura para garantir o atendimento. Segundo a nota, “não há atrasos, recusas de pagamento ou limitação para saque”, e menos de 5% dos beneficiários atendidos abriram conta corrente na instituição.
Suspensão do Agibank e alerta para o futuro
O episódio ocorre poucos dias após o INSS também suspender o contrato com o Agibank, acusado de irregularidades no atendimento aos beneficiários. Para especialistas, como o advogado previdenciário Rômulo Saraiva, os casos reforçam a necessidade de maior rigor na definição dos critérios de escolha das instituições que assumem o pagamento da folha previdenciária.
“A licitação precisa considerar não apenas o preço, mas principalmente a qualidade dos serviços prestados ao público”, afirmou.