Em acordo mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), o Itaú Unibanco propôs o pagamento de indenizações a cerca de mil funcionários demitidos no início de setembro, sob alegação de baixa produtividade durante o home office. A proposta inclui uma parcela fixa de R$ 9 mil, o pagamento da 13ª cesta-alimentação e valores variáveis conforme o tempo de casa.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, os trabalhadores atingidos pela demissão em massa devem deliberar sobre o acordo em assembleia híbrida marcada para quinta-feira (9). Caso seja aprovada, a adesão será individual e poderá ser formalizada em até seis meses.
Para quem trabalhou até 23 meses no banco, o valor adicional será de quatro pisos salariais do Itaú. Já para quem tem mais de dois anos de casa, a proposta prevê seis pisos salariais, acrescidos de meio salário por ano trabalhado, com teto de dez salários.
Além disso, os ex-funcionários com financiamento imobiliário junto ao banco terão mantidas as condições diferenciadas de contrato.
“A proposta é positiva, embora reafirmemos nossa indignação com a forma como as demissões foram conduzidas”, afirmou Neiva Ribeiro, presidente do sindicato.
“Seguiremos mobilizados pela transparência nas ferramentas de monitoramento e pelos direitos dos bancários, inclusive quanto ao home office”, completou.
Monitoramento digital e demissões
As dispensas ocorreram após o Itaú monitorar, por quatro meses, a atividade de funcionários em regime híbrido ou remoto, por meio de softwares que registram o tempo de uso do computador. Segundo o banco, cerca de 2 mil empregados apresentaram baixa atividade digital — alguns com apenas 20% de uso diário do sistema, mas que ainda registravam horas extras.
O levantamento, que envolveu aproximadamente 60% dos 95 mil funcionários, resultou no desligamento de 1,75% do quadro.
O banco afirma que os cortes não caracterizam demissão em massa, mas sim “desligamentos plúrimos”, baseados em critérios individuais de produtividade e aderência à jornada de trabalho.
“Tratam-se de desligamentos com fundamentação objetiva, sempre em conformidade com a legislação brasileira e políticas internas”, informou o Itaú em nota.
Reação do sindicato e próximos passos
O Sindicato dos Bancários vinha pressionando pela reintegração dos demitidos, mas o Itaú não aceitou o pedido. Mesmo assim, a entidade avalia o resultado como uma vitória parcial.
“Queríamos a reintegração, mas garantimos reconhecimento e indenização para esses trabalhadores, além da manutenção do modelo de teletrabalho”, afirmou Valeska Pincovai, diretora da entidade e coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Itaú (COE Itaú).
O banco se comprometeu ainda a manter o home office ativo, uma das principais reivindicações do sindicato.
Caso o acordo seja aprovado na assembleia desta quinta-feira, os pagamentos poderão ser realizados nos próximos meses, após a adesão individual de cada ex-funcionário.