O Lago de Sobradinho, no norte da Bahia, completa 52 anos em 2025 consolidado como o maior lago artificial do Brasil e um dos maiores do mundo. Com 4.214 km² de área inundada e cerca de 320 km de extensão, o reservatório é resultado do barramento do rio São Francisco e segue como elemento estratégico para a vida de milhões de nordestinos.
Criado nos anos 1970, o lago transformou a paisagem do semiárido, submergindo áreas da caatinga e alterando rotinas de dezenas de comunidades. Em trechos largos, o espelho d’água impressiona a ponto de ser apelidado por moradores de “mar do sertão”.

O empreendimento integra o sistema da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e tem dupla função: geração de energia e regulação da vazão do rio. Sua usina hidrelétrica conta com 1.050 megawatts de potência instalada, distribuídos em seis turbinas, e abastece parte importante do sistema elétrico nordestino.
Mais do que produzir eletricidade, Sobradinho garante o equilíbrio do São Francisco. Em períodos de estiagem, libera vazões mínimas para manter abastecimento urbano, irrigação agrícola e navegação. Já em cheias, atua como amortecedor, reduzindo riscos nas cidades ribeirinhas.
Capacidade monumental
O reservatório armazena até 34,1 bilhões de metros cúbicos de água em sua cota máxima. Essa reserva permite regularizar uma vazão de 2.060 m³/s mesmo em secas prolongadas, garantindo a operação das demais usinas do “Velho Chico” ao longo do eixo de Paulo Afonso, além de apoiar a segurança hídrica de estados como Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Navegação e integração regional
A barragem de Sobradinho abriga ainda uma eclusa, operada pela Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba), que possibilita o transporte fluvial entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA)–Petrolina (PE). Com câmaras de 120 metros de comprimento por 17 de largura, o mecanismo permite vencer o desnível de 32,5 metros imposto pela barragem.
Oscilações e desafios
A hidrologia do reservatório reflete o clima do semiárido: períodos de cheia, como o de 2022, quando atingiu 100% da capacidade pela primeira vez desde 2009, alternam-se com estiagens severas. Nessas situações, técnicos da Chesf adotam estratégias para equilibrar a geração de energia e o uso múltiplo da água.
Símbolo da engenharia brasileira, o Lago de Sobradinho é também símbolo da dependência do Nordeste em relação ao São Francisco. Meio século depois de sua criação, permanece essencial para o abastecimento, a economia e a integração de uma das regiões mais desafiadoras do país em termos de recursos hídricos.