A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) iniciou estudos que devem transformar a forma como brasileiros de baixa tensão pagam pela eletricidade. A proposta prevê a adoção da tarifa horária, modelo em que o preço da energia varia conforme o horário do consumo — o que deve tornar mais cara a energia no início da noite e mais barata durante o dia.
A mudança afetará, inicialmente, consumidores com uso mensal acima de 1.000 kWh, grupo formado principalmente por comércios, serviços e residências de grande porte. Eles somam cerca de 2,5 milhões de unidades, responsáveis por 25% de todo o consumo em baixa tensão no país. A implementação é prevista para 2026, após consulta pública.
O sistema elétrico brasileiro vive uma nova configuração: entre 10h e 14h, a oferta de energia solar e eólica é alta, deixando o custo de geração mais barato. Já entre 18h e 21h, ocorre o pico de demanda — momento em que a produção solar praticamente zera e usinas mais caras precisam ser acionadas.
A tarifa horária fará essa diferença aparecer na conta de luz. O objetivo é incentivar consumidores a deslocarem atividades de alto consumo — como ar-condicionado, bombas de piscina e carregamento de veículos elétricos — para horários com tarifa reduzida.
Modernização e eficiência: o que muda para o consumidor
Segundo a ANEEL, a mudança busca aproximar a cobrança da realidade do setor elétrico, que hoje conta com forte participação de energias renováveis. Setores de média e alta tensão já operam há anos com tarifas variáveis. Na baixa tensão, a tentativa anterior — a Tarifa Branca, opcional — teve pouca adesão.
Agora, o modelo deve ser automático para quem consome mais de 1.000 kWh/mês. Para quem conseguir adaptar a rotina, a redução na fatura pode ser significativa. Para o sistema, a economia é ampla: diminui a necessidade de usinas caras no horário de pico e adia investimentos em redes de transmissão e distribuição.
Como será a implementação
A mudança exigirá a instalação de medidores modernos, capazes de registrar o consumo hora a hora. A substituição será feita pelas distribuidoras, dentro dos planos de modernização já previstos, com custos avaliados da mesma forma que outros investimentos reconhecidos nas revisões tarifárias.
As distribuidoras também terão de orientar os consumidores, explicando o funcionamento da nova modalidade.
Próximos passos
A proposta segue para Consulta Pública, e, após contribuições da sociedade, pode começar a valer em 2026. A expectativa é que, a partir de então, ligar a luz ou usar eletrodomésticos à noite se torne mais caro — enquanto o consumo durante o dia, com maior oferta de energia limpa, fique mais barato.




