Em menos de sete dias, duas imagens de santas expostas em frente a uma loja de artigos religiosos, na Alameda Miguel Blasi, em Londrina (PR), foram destruídas por vândalos. O primeiro ataque ocorreu na segunda-feira (8) e o segundo no sábado (13).
O empresário Walfrido Barbosa, dono do estabelecimento, já iniciou a restauração das peças. A imagem de Santa Rita de Cássia está quase recuperada, mas a de Nossa Senhora Aparecida sofreu danos mais graves: cabeça e mãos foram quebradas.
Apesar da gravidade, Barbosa não acredita que os atos tenham sido motivados por intolerância religiosa. Mesmo assim, ele teme que a destruição possa se repetir contra outras peças expostas na fachada da loja.
Histórico recente de ataques a símbolos religiosos
O caso reacende a discussão sobre intolerância religiosa em Londrina. Em fevereiro deste ano, a Casa de Umbanda Cantinho do Pai João, referência para a comunidade umbandista da região, foi alvo de vandalismo e pichada com frases bíblicas.
Na ocasião, a direção da casa divulgou nota de repúdio classificando o ataque como “racismo religioso” e reforçando que a liberdade de crença é um direito constitucional garantido pela Constituição de 1988.
Um boletim de ocorrência foi registrado, e os responsáveis ainda são procurados. O episódio foi enquadrado como crime de intolerância religiosa, racismo religioso e dano ao patrimônio.
Liberdade de culto sob ameaça
Casos como esses acendem alerta para a escalada da violência contra manifestações de fé no Brasil. De acordo com a legislação brasileira, atacar símbolos ou espaços de qualquer religião é crime previsto no Código Penal e em leis específicas contra o racismo religioso.
“Que possamos viver num tempo em que mais ninguém se esconda sob o capuz da ignorância e da perversidade para vilipendiar um local sagrado”, afirmou em nota a Casa de Umbanda atingida em fevereiro.
O caso da loja de artigos cristãos agora se soma a esse cenário de tensão, revelando que tanto templos de matriz africana quanto símbolos do cristianismo têm sido alvo de violência.