No coração de Salvador, o Pelourinho se impõe como um dos endereços mais vibrantes e emblemáticos do Brasil. Reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, o bairro exibe casarões coloniais de fachadas azuis, verdes, rosas e amarelas, herança da arquitetura portuguesa e da cultura africana que moldou a identidade da capital baiana. Mais que cenário para fotos, o Pelô — como é carinhosamente chamado — é um território vivo, onde a música, a dança e as tradições se encontram a cada esquina.
Preservar é a palavra de ordem para figuras como o escritor e jornalista Clarindo Silva, que há décadas defende o bairro como joia rara da cultura nacional. Para ele, a energia que emana das vielas não vem apenas da estética, mas das histórias e das pessoas que habitam e ocupam o espaço com criatividade e resistência.

Quando a festa toma conta
O mês de junho transforma o Pelourinho em um grande arraial urbano. Em 2025, o São João local — com o tema Maior que a festa, só o nosso amor — recebeu investimento de R$ 3,4 milhões, parte de um pacote estadual de R$ 100 milhões para as festas juninas. Shows de veteranos como Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Flávio José se misturaram a novas vozes da música nordestina, ocupando largos, ruas e praças.
Além das apresentações, quadrilhas, trios de sanfoneiros e atividades infantis tomaram conta das ruas, com decoração junina, comidas típicas e até um “Ônibus do Forró” ligando os principais circuitos festivos da cidade.
Cultura o ano inteiro
Mesmo fora da temporada de festas, o Pelourinho mantém uma programação intensa. Coletivos como a Banda Didá, o Bloco Afro Muzenza e as Filhas de Gandhy realizam oficinas, ensaios e eventos abertos ao público, reforçando a identidade afro-baiana e fortalecendo a economia criativa local.
O Pelô é mais que um cartão-postal: é um organismo vivo, onde passado e presente se misturam, e onde cada cor nas fachadas conta uma história de luta, festa e pertencimento.