O governo federal prepara a adoção de um novo mecanismo para priorizar o acesso de datacenters e unidades de produção de hidrogênio verde às linhas de transmissão no Nordeste. A medida, prevista em decreto que o presidente Lula deve assinar nesta semana, cria um rito acelerado para a conexão desses empreendimentos ao sistema elétrico, permitindo que eles avancem na fila atualmente administrada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico.
O objetivo central é estimular a instalação de grandes consumidores de energia próximos ao polo de geração eólica e solar da região, reduzindo a pressão sobre o sistema nacional.
A iniciativa surge em meio ao aumento da sobreoferta de energia renovável no Nordeste, que tem provocado um fenômeno conhecido como apagões reversos. Esses eventos ocorrem quando a injeção contínua de energia de origem eólica e solar se estende até o início da noite, momento em que a produção solar cessa.
Quedas de energia
Como as hidrelétricas exigem um tempo de resposta maior para entrar em operação, o sistema enfrenta instabilidades que podem resultar em quedas de energia. Para mitigar esse risco, o ONS vem realizando desligamentos programados de hidrelétricas e outras fontes ao longo do dia.
Embora o decreto não elimine completamente essas ocorrências, a avaliação do governo é que o consumo local adicional pode reduzir em até 4 gigawatts o estresse atual sobre o sistema. O texto estabelece que projetos de datacenters, fábricas de hidrogênio verde e outras atividades de grande porte terão seus pedidos analisados em até dez meses, período no qual terão prioridade.
Após essa etapa, novos acessos às redes de transmissão serão definidos por meio de leilões periódicos, ao menos dois por ano. Cada interessado deverá pagar taxa de participação e apresentar documentação técnica prévia.
Serão selecionados aqueles que oferecerem maior valor pelo direito de conexão, respeitada a capacidade de expansão da infraestrutura disponível. A receita obtida será utilizada para abater tarifas de energia.




