O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou publicamente, na última sexta-feira (4), a intenção de disputar a Presidência da República em 2026, caso as condições políticas e pessoais se mantenham favoráveis.
“Se tudo estiver como estou pensando, esse país vai ter, pela primeira vez, um presidente eleito quatro vezes pelos braços do povo”, afirmou Lula, em tom de provocação à direita e seus possíveis candidatos.
O anúncio marca a primeira vez que o petista admite, de forma direta, que poderá buscar um quarto mandato, reforçando seu protagonismo no cenário eleitoral e acirrando a polarização com setores conservadores.
Apesar de não ter cravado oficialmente sua candidatura, Lula deixou claro que, se for necessário impedir o retorno da extrema-direita ao poder, ele mesmo liderará a resistência nas urnas:
“Se for preciso ser candidato para evitar o retrocesso, eu serei”, disse, referindo-se ao período do governo Bolsonaro como um tempo de “loucos que governaram esse país”.
Durante a semana, Lula também atacou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos nomes cotados para a corrida presidencial. O petista ironizou a proximidade de Tarcísio com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, dizendo que ele “não vai conseguir esconder o chapéuzinho do Trump”.
A crítica surge em um momento em que Tarcísio vem ganhando projeção nacional e foi visto ao lado de Bolsonaro em Brasília, em meio a debates sobre tarifas impostas por Trump ao Brasil. Nas redes sociais, o governador publicou vídeos e declarações em defesa do ex-presidente brasileiro, demonstrando alinhamento com pautas da direita internacional.
Clima político tenso: Congresso, STF e sucessão
A fala de Lula ocorre em meio a um cenário de tensão institucional. Nos últimos dias, o STF suspendeu decisões do governo e do Congresso sobre o IOF, aumentando o atrito entre os Três Poderes. Ainda assim, o presidente tentou adotar um tom mais conciliador, negando qualquer “guerra” com o Legislativo:
“Sou grato aos parlamentares que têm ajudado a aprovar medidas importantes para o país”, disse Lula, que também criticou a antecipação do debate eleitoral: “Tem gente que acha que o governo acabou. Eles não sabem o que eu estou pensando.”
Do outro lado, Tarcísio nega, por ora, que pretende disputar o Planalto, mesmo que haja pressão de Bolsonaro e aliados. Segundo a CNN, o governador teria afirmado em um encontro em Lisboa que não será candidato — ao menos, não em 2026. Ainda assim, discursos recentes, aparições públicas e interações com lideranças conservadoras alimentam as especulações.
Enquanto isso, a direita articula estratégias para reagir à nova tarifa de Trump, vista como gesto de apoio político a Bolsonaro, que enfrenta processos no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado.
Próximos passos
Com o tabuleiro de 2026 começando a se desenhar, a declaração de Lula coloca pressão sobre aliados e adversários. A possível candidatura do presidente tende a reorganizar forças à esquerda, ao mesmo tempo em que intensifica a disputa interna na oposição por um nome competitivo.
Se confirmada, a reeleição de Lula em 2026 poderá consolidar um feito inédito na história política brasileira: ser o primeiro presidente a conquistar quatro mandatos pelo voto direto.
