O Brasil vai ganhar a maior trilha da América Latina, com quase 460 quilômetros de extensão, ligando diferentes ecossistemas e comunidades no estado do Pará. A Trilha Amazônia Atlântica será inaugurada oficialmente durante a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém em 2026.
Coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a iniciativa busca conciliar conservação ambiental, geração de emprego e renda e turismo sustentável, fortalecendo o ecoturismo e o envolvimento das comunidades tradicionais da região.
O percurso atravessa sete unidades de conservação e seis territórios quilombolas, conectando áreas de floresta, manguezais, rios e comunidades extrativistas. Entre as áreas protegidas estão:
- Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua,
- Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu,
- Reserva Extrativista Araí-Peroba,
- Reserva Extrativista Gurupi-Piriá,
- Área de Proteção Ambiental Belém,
- Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia,
- Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna.

Já os territórios quilombolas incluem Torres (Tracuateua), América (Bragança), Pitimandeua (Inhangapi), Macapazinho (Castanhal), Santíssima Trindade e Macapazinho (Santa Isabel do Pará).
Ao todo, a trilha passa por 17 municípios, incluindo Belém, Ananindeua, Benevides, Castanhal, Bragança e Viseu.
Turismo sustentável e comunidades protagonistas
Segundo o MMA, a expectativa é que 10 mil pessoas percorram o trajeto no primeiro ano, que poderá ser feito a pé ou de bicicleta.
O projeto foi construído em parceria com comunidades locais, ciclistas e órgãos ambientais, que participaram da sinalização e estruturação dos trechos.
“É uma iniciativa que mostra como a preservação ambiental pode gerar renda e oportunidades, fortalecendo tanto a conservação quanto o turismo de base comunitária”, afirma Pedro Cunha e Menezes, diretor do Departamento de Áreas Protegidas do MMA.
A trilha faz parte da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas), programa federal que busca criar corredores ecológicos em todo o país, conectando áreas naturais e incentivando a movimentação da fauna entre unidades de conservação.
Planejamento para baixo impacto ambiental
O traçado foi cuidadosamente planejado para minimizar impactos ambientais, permitindo a circulação de animais e o equilíbrio dos ecossistemas. A infraestrutura inclui mapas, sinalização, pontos de apoio e suporte de moradores capacitados para receber visitantes.
A proposta é que o visitante vivencie a Amazônia Atlântica em sua diversidade, conhecendo o cotidiano de pescadores, coletores de caranguejo, pequenos agricultores e extrativistas.
Com apoio do aplicativo eTrilhas, desenvolvido pela EmbraturLAB, os turistas poderão mapear trajetos, encontrar prestadores de serviços, visualizar produtos locais e interagir diretamente com os moradores. Os empreendimentos cadastrados terão QR Codes para facilitar o contato.
Parceria interinstitucional
O projeto é resultado da cooperação entre diversos órgãos e entidades:
- Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima,
- Ministério do Turismo,
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
- Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio),
- Embratur,
- Conservação Internacional (CI).