O uso crescente de medicamentos injetáveis para emagrecimento, como o Ozempic, tem levantado novas preocupações entre médicos. De acordo com reportagem do portal britânico Ladbible, algumas mulheres relataram efeitos colaterais íntimos que foram apelidados de “Vulva Ozempic”. Entre as queixas estão flacidez nos lábios externos, fraqueza nos músculos vaginais e secura na região íntima.
Os fabricantes, porém, não confirmam a associação desses sintomas ao uso do remédio. Ainda assim, ginecologistas ouvidos pelo jornal O TEMPO afirmam que tais alterações podem ser consequência de uma perda de peso acelerada em curto prazo, que afeta a sustentação dos tecidos e a gordura responsável pela elasticidade da pele.
“O emagrecimento reduz a gordura DWAT, um tipo regenerativo que estimula a produção de colágeno. Quando essa camada diminui, há impacto direto na firmeza da pele e no conforto íntimo”, explicou o ginecologista Henrique Tavares Barreto, especialista em estética íntima e reprodução.
Impactos estéticos e desconfortos
Segundo o médico, a redução dessa gordura pode gerar alterações estéticas significativas e até incômodos no dia a dia. “A diminuição dos grandes lábios pode causar desconforto até com o uso de roupas justas, como uma calça jeans”, disse.
Apesar dos relatos, a ginecologista Rachel Silviano, da SOGIMIG, ressalta que não há evidências robustas de que a flacidez vulvar afete diretamente o desempenho sexual. “A sexualidade feminina é muito mais complexa. Muitas vezes, o impacto é mais estético e psicológico do que funcional”, afirmou.
Ela acrescenta que o assoalho pélvico já tende a ser pouco exercitado na rotina das mulheres modernas, independentemente do uso de emagrecedores. Por isso, recomenda práticas específicas para fortalecer essa musculatura.
Disputa entre Ozempic e Mounjaro
Enquanto o debate sobre efeitos colaterais segue, novos medicamentos chegam ao mercado brasileiro. O Mounjaro (tirzepatida), considerado concorrente direto do Ozempic, tem lançamento previsto para 7 de julho.
Segundo a médica Marina Ayumi, o Ozempic age como análogo do hormônio GLP-1, que controla apetite e glicemia. Já o Mounjaro atua de forma mais ampla, estimulando também o GIP, o que pode levar a uma maior perda de peso.
“Pacientes podem responder de forma diferente a cada um dos medicamentos. O importante é que o uso seja feito apenas sob prescrição e acompanhamento médico”, reforça Ayumi.
Uso seguro e efeito sanfona
Os especialistas alertam que tanto o Ozempic quanto o Mounjaro não devem ser usados para fins estéticos, mas sim em casos de obesidade, sobrepeso com comorbidades ou diabetes tipo 2.
Outro ponto de atenção é o efeito sanfona. “Quando o medicamento é interrompido sem acompanhamento, o apetite volta ao padrão anterior. Sem mudanças de hábitos, como dieta e exercícios, o paciente pode recuperar todo o peso perdido”, conclui Ayumi.