Desde 1919, o Uruguai não inclui o Natal e a Semana Santa em seu calendário oficial. Esse país latino-americano ao sul do Brasil adotou um modelo de secularização que removeu as festividades religiosas oficiais, substituindo-as por datas de significado diferente: o Natal foi renomeado como Dia da Família, e a Semana Santa é chamada de Semana do Turismo.
A transição do Uruguai para um Estado laico começou no século XIX, sendo formalizada na Constituição de 1917, que entrou em vigor em 1919. Liderada por líderes reformistas, essa mudança incluiu várias reformas sociais e políticas.
O objetivo era reduzir a influência religiosa nas instituições públicas. O processo de secularização dos feriados religiosos é uma das transformações mais visíveis dessa transição, conferindo ao Uruguai uma posição única na América Latina.
Uruguai pioneiro na secularização
A transferência do controle dos cemitérios da Igreja para o Estado em 1861 foi um passo decisivo para a secularização no Uruguai. Essa medida pioneira marcou o início da redução da influência religiosa nas instituições.
Além disso, a educação foi profundamente afetada, com a abolição do ensino religioso nas escolas públicas em 1909.
Efeitos culturais das reformas
Mesmo sem seus nomes religiosos oficiais, as tradições se mantêm vivas. No final do ano, as celebrações concentram-se mais no convívio familiar do que na fé religiosa.
As ruas uruguaias são decoradas e a troca de presentes é comum. No entanto, o foco das festividades está na reunião de família e amigos.
O Uruguai, ao reformular suas tradições, não eliminou as práticas culturais. Em vez disso, adaptou-as para coexistirem com o secularismo. Segundo uma pesquisa de 2014 do Pew Research Center, 37% dos uruguaios não têm religião, destacando a singularidade do Uruguai na região.




