A Coca-Cola começou a vender nos Estados Unidos uma nova versão de seu refrigerante tradicional feita com açúcar de cana, substituindo o xarope de milho com alto teor de frutose usado há décadas nas fábricas americanas. A mudança atende a um pedido do presidente Donald Trump, que, desde o início do ano, vinha pressionando a empresa a adotar ingredientes considerados “mais naturais”.
O produto está sendo distribuído em mercados e varejistas selecionados em cidades norte-americanas, segundo confirmou um porta-voz da companhia à CNN Internacional. Os primeiros lotes chegam em garrafas de vidro de 12 onças (355 ml), com o rótulo clássico da marca.
“Este lançamento reflete nosso compromisso contínuo de oferecer mais formas para as pessoas apreciarem as bebidas que amam”, afirmou a Coca-Cola em nota enviada ao jornal USA Today.
A versão com açúcar de cana foi anunciada oficialmente em julho, após Trump declarar em sua rede Truth Social que a Coca-Cola havia “concordado” em mudar a fórmula. “Tenho conversado com a Coca-Cola sobre usar açúcar de cana REAL nos Estados Unidos, e eles aceitaram. Será uma ótima decisão — vocês verão. É simplesmente melhor!”, escreveu o presidente na ocasião.
Inicialmente, a empresa não confirmou a afirmação, mas, semanas depois, anunciou que o novo produto chegaria ao mercado ainda no outono americano. Segundo o diretor financeiro da Coca-Cola, John Murphy, o lançamento será gradual por conta da limitação na oferta de açúcar de cana nos Estados Unidos.
“Será uma introdução medida. Há uma quantidade limitada de açúcar de cana disponível no país”, disse Murphy em entrevista à Bloomberg nesta terça-feira (21).
Fórmula segue igual fora dos EUA
Embora a novidade tenha ganhado destaque pela pressão política, a Coca-Cola já utiliza açúcar de cana em diversas versões internacionais, como a Coca-Cola mexicana, e também em outras bebidas produzidas nos Estados Unidos, incluindo Simply Lemonade, Gold Peak (chá gelado) e o café Costa.
O xarope de milho de alta frutose, mais barato e estável, foi adotado pela indústria norte-americana nos anos 1980. O ingrediente, porém, se tornou alvo de críticas por parte de autoridades do governo Trump, como Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde e Serviços Humanos, que defende sua substituição por açúcares naturais no âmbito do programa “Make America Healthy Again”.
Açúcar de cana é realmente mais saudável?
Apesar da mudança, especialistas em nutrição afirmam que não há evidências científicas de que o açúcar de cana seja mais saudável do que o xarope de milho. Ambos contêm glicose e frutose em proporções semelhantes e, quando consumidos em excesso, podem causar ganho de peso, diabetes e doenças cardiovasculares.
“Tanto o xarope de milho quanto o açúcar de cana são formas de açúcar adicionado e têm efeitos semelhantes no organismo”, explicou o nutricionista Dr. Wesley McWhorter, da Academy of Nutrition and Dietetics, em entrevista ao USA Today.
A FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA, também declarou “não estar ciente de nenhuma evidência” que indique diferença de segurança entre os dois tipos de adoçante.