A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto, não afetará apenas os grandes exportadores nacionais.
Caso o governo Lula (PT) não consiga reverter a medida e decida retaliar com tarifas sobre produtos americanos, especialistas alertam para possíveis efeitos em cadeia na economia brasileira, incluindo alta de preços, retração no consumo e aumento do desemprego.
A curto prazo, a oferta interna de alguns alimentos pode crescer, já que a queda nas exportações para o mercado norte-americano tende a redirecionar parte da produção para o mercado doméstico. Essa dinâmica deve provocar uma redução temporária nos preços de itens como carne bovina, frango, carne suína, café e suco de laranja.
Contudo, a tendência é que esse movimento seja passageiro, à medida que os produtores buscam novos mercados para escoar seus produtos.
Tarifas retaliatórias do Brasil
A adoção de tarifas de retaliação por parte do Brasil, segundo especialistas, pode gerar pressão inflacionária em setores dependentes de importações norte-americanas, especialmente nas áreas de tecnologia, componentes eletrônicos, indústria automotiva e agronegócio.
O país ainda apresenta um grau considerável de dependência nas áreas médica, química, eletrônica e farmacêutica, segmentos cuja substituição por fornecedores alternativos não é imediata e que demandam capacidade produtiva que o Brasil, atualmente, não possui.
Com o avanço da inflação, a tendência é que o consumo interno sofra retração. A redução no consumo compromete as vendas, diminui a produção industrial e pode levar à eliminação de postos de trabalho, gerando um efeito em cadeia sobre a economia.
O desemprego tende a ser mais acentuado nos setores que mantêm maior volume de exportações para os Estados Unidos, a menos que essas empresas consigam rapidamente redirecionar seus produtos a outros mercados consumidores.