Missões espaciais atuais levam anos para cruzar o Sistema Solar. A Voyager 2, por exemplo, precisou de 12 anos para alcançar Netuno após o lançamento, em 1977. Agora, um novo conceito promete encurtar drasticamente essas escalas de tempo: o TARS, uma estrutura que aproveita a radiação solar e campos magnéticos para impulsionar pequenas sondas.
De acordo com estimativas, uma nave lançada com essa tecnologia poderia atingir Júpiter em apenas sete dias e Netuno em pouco mais de um mês.
Desenvolvido pelo astrônomo britânico-americano David Kipping, professor da Universidade de Columbia (EUA), o TARS consiste em uma estrutura de microtúbulos de carbono de 63 metros de altura por 7 de largura e apenas 1,6 kg.
O funcionamento lembra o de uma vela solar: a face clara reflete a radiação do Sol, enquanto a escura a absorve, fazendo a estrutura girar cada vez mais rápido. O resultado é uma aceleração progressiva capaz de lançar microssondas do tamanho de um celular a velocidades extremas.
Segundo cálculos preliminares, a rotação poderia atingir 40 km/s apenas com radiação solar. Mas, com eletrificação das extremidades e reforço magnético, o limite saltaria para 1000 km/s — cerca de 0,3% da velocidade da luz.
Potencial e limites
A ideia, batizada em referência ao robô TARS do filme Interestelar, ainda está no papel. Seu desempenho depende de avanços em materiais como grafeno e nanotubos de carbono, capazes de suportar tensões elevadíssimas.
Mesmo assim, o projeto já chama atenção por propor uma solução relativamente simples e barata, sem necessidade de reatores de fusão ou lasers gigantescos.
O astrônomo Juliano Righetto, especialista em exploração espacial, resume:
“Com o campo magnético, é possível chegar a 1000 km/s. Lançando a sonda em direção a Júpiter, ela chegaria em uma semana. Para Netuno, a viagem levaria 37 dias.”
Rumo às estrelas
Embora ainda experimental, o TARS abre caminho para pensar em missões interestelares. A velocidades projetadas, uma microssonda poderia alcançar Alpha Centauri em 1.300 anos — muito menos que as dezenas de milhares de anos estimados com tecnologias atuais.
Kipping reconhece que não se trata de um projeto para uma geração apenas:
“Explorar o universo é uma atividade multigeracional. Não importa se não veremos o resultado final em vida; o importante é começar agora.”