Um novo medicamento experimental chamado SANA vem chamando atenção na comunidade científica por demonstrar, em estudos iniciais, potencial de emagrecimento comparável ou superior ao de remédios consagrados como Ozempic e Wegovy — mas com uma abordagem completamente diferente: sem afetar o apetite.
Desenvolvido pela farmacêutica Eolo Pharma, do Uruguai, o SANA é derivado do salicilato, composto químico presente na aspirina, conhecido por suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Segundo os cientistas envolvidos, o remédio atua diretamente no tecido adiposo, estimulando a termogênese dependente de creatina, ou seja, acelera a queima de gordura como fonte de energia sem alterar os sinais de saciedade no cérebro.
Resultados animadores: 20% de perda de gordura corporal em animais
Nos testes com camundongos alimentados com dieta rica em gordura, o SANA demonstrou efeitos impressionantes:
- Perda de até 20% da massa corporal
- Redução significativa da gordura no fígado (esteatose hepática)
- Melhora da sensibilidade à insulina
- Preservação da massa muscular magra
Diferente dos medicamentos à base de GLP-1, como o Ozempic, o SANA não interfere no sistema nervoso central ou digestivo, evitando os efeitos colaterais comuns como náuseas, perda de apetite ou disfunção gastrointestinal.
Primeiros testes em humanos: perda de peso em apenas 2 semanas
Em um ensaio clínico de Fase I, descrito na revista Nature Metabolism, 24 participantes com obesidade foram divididos em grupos que receberam doses variadas de SANA ou placebo durante 15 dias. Mesmo em tão curto período, os indivíduos que tomaram a dose mais alta apresentaram uma perda média de 3% do peso corporal, sem qualquer redução na fome ou saciedade relatada.
Outro ponto positivo foi a ausência de efeitos colaterais significativos, segundo os cientistas responsáveis. A farmacêutica já planeja um estudo de Fase II com cerca de 100 participantes, que deve acontecer ainda este ano nos Estados Unidos e acompanhará os voluntários por 12 semanas.
Como o SANA funciona?
O mecanismo de ação do SANA é baseado na termogênese dependente de creatina, processo em que o corpo queima calorias para produzir calor. Essa técnica já havia sido observada em estudos com animais submetidos ao frio, mas agora foi replicada com sucesso em um contexto de emagrecimento induzido por fármaco.
Ao ativar diretamente as mitocôndrias das células de gordura, o SANA aumenta o gasto energético basal mesmo sem alterar a ingestão calórica. Isso difere de abordagens anteriores, como os antigos remédios com efeitos estimulantes (como o fen-phen, retirado do mercado nos anos 1990 por riscos cardíacos), pois atua no nível celular de forma direcionada e segura.
A ascensão de medicamentos como Ozempic e Wegovy revolucionou o tratamento da obesidade, mas seu alto custo (acima de US$ 1.000 mensais nos EUA), aplicação via injeção e efeitos adversos ainda limitam seu uso. Por isso, medicamentos orais como o SANA são vistos com grande entusiasmo.
Além de ser mais barato para produzir, um comprimido pode aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento e servir como alternativa ou complemento aos GLP-1. Especialistas avaliam que, se os próximos ensaios clínicos confirmarem a eficácia e segurança do SANA, ele pode marcar uma nova fase na medicina antiobesidade, com opções mais diversas e acessíveis.
