O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem se reunir na próxima semana em um encontro que pode redefinir os rumos das relações comerciais entre os dois países. No centro da pauta estará o tarifaço de 50% aplicado pelo governo norte-americano sobre exportações brasileiras, medida que abalou setores como o de carnes, café, frutas, calçados e máquinas.
O governo brasileiro trabalha para ampliar as exceções às tarifas, defendendo maior abertura para produtos agroindustriais e manufaturados. Em contrapartida, interlocutores apontam que os EUA têm interesse em automóveis, biocombustíveis, tecnologia da informação, minerais críticos e até no mercado audiovisual, o que pode entrar como moeda de negociação.
Para o setor privado, o simples fato de Trump aceitar conversar já representa um avanço após meses de relações estremecidas. Empresários, no entanto, mantêm cautela quanto a resultados concretos, avaliando que dificilmente haverá redução imediata das tarifas.
Clima político
O encontro foi selado de forma inusitada: Lula e Trump se cumprimentaram rapidamente nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e relataram “química” no breve diálogo. Desde então, ambos têm sinalizado disposição em buscar uma relação mais pragmática.
Lula afirmou que tratará Trump “com o respeito devido ao presidente dos Estados Unidos” e exigirá o mesmo como chefe de Estado brasileiro. Também destacou que soberania e democracia não estão em negociação.
Expectativas
Especialistas apontam que o Brasil pode oferecer minerais estratégicos, energia renovável e investimentos em data centers como contrapartida para ampliar espaço comercial. Para Lula, o objetivo é chegar a um acordo de “ganha-ganha”, capaz de restaurar a confiança entre as maiores economias das Américas.