Você já desconfiou que o cheiro do seu corpo pode ter piorado depois de uma refeição pesada? Especialistas alertam que a alimentação tem influência direta no odor corporal, afetando desde o hálito até o suor. E embora nem todos percebam essa relação, ela é respaldada por evidências científicas e observações clínicas.
Compostos presentes em certos alimentos podem ser absorvidos pela corrente sanguínea, metabolizados e posteriormente eliminados pela pele, pulmões ou suor — o que afeta diretamente como você é percebido por outras pessoas.
Apesar de úteis, os desodorantes não resolvem a causa do problema. E seu uso excessivo pode, inclusive, interferir no processo natural de respiração da pele. Durante a noite, o corpo realiza processos naturais de desintoxicação — motivo pelo qual especialistas desaconselham o uso de desodorantes durante o sono.
A pele é o maior órgão do corpo humano e, ao lado do fígado e dos rins, participa da eliminação de resíduos. Quando a alimentação é rica em alimentos de difícil digestão ou com compostos fortes, como carnes, ovos e peixes, essas substâncias podem ser expelidas pelo suor, influenciando no cheiro do corpo.
Cafeína e álcool: desidratam e potencializam o mau cheiro
O café, presente em quase todas as manhãs brasileiras, pode ser um dos vilões discretos. A nutricionista Jessica Hierro para o El Pais explica que a cafeína estimula o sistema nervoso, aumentando a sudorese. Além disso, provoca desidratação e boca seca, o que facilita a evaporação de compostos com odor desagradável, como os taninos e enxofres voláteis.
Já o álcool tem efeitos semelhantes. Ao ser metabolizado, libera substâncias que passam para o pulmão e a pele, alterando o odor corporal. E como também desidrata, agrava ainda mais o problema, fazendo com que o suor fique mais concentrado.
Alho, cebola e carne: poderosos no sabor — e no odor
Alho e cebola são reconhecidamente saudáveis, com propriedades antissépticas e anti-inflamatórias, mas contêm compostos sulfurados que, ao serem metabolizados, produzem substâncias voláteis de forte odor. Segundo a nutricionista Marta Gámez, também para o El Pais, esses compostos podem permanecer por horas no hálito e na pele.
A carne vermelha, por sua vez, também é associada ao aumento do odor corporal. Um estudo publicado na revista Chemical Senses identificou que o consumo de carne de mamíferos, como boi e porco, pode influenciar diretamente no aroma do suor. Isso acontece porque os ácidos graxos liberados na digestão são metabolizados e eliminados pelas glândulas sudoríparas, especialmente nas axilas.
Além disso, qualquer proteína de origem animal, em excesso, pode potencializar a liberação de toxinas pela pele, agravando o odor.
Como controlar o odor com a alimentação
A chave está no equilíbrio alimentar. Não é necessário cortar completamente os alimentos citados, mas moderar o consumo, especialmente da carne vermelha. Dietas flexíveis com ênfase em vegetais, como o modelo plant-based, ajudam a manter o corpo mais limpo internamente — e, consequentemente, com menos odor externo.
Alimentos que ajudam a neutralizar odores incluem:
- Maçã crua
- Chá verde
- Suco de limão
- Espinafre
- Salsa e manjericão
- Cogumelos, ameixa, kiwi e alface
Esses alimentos contribuem para equilibrar o pH do organismo e diminuir compostos odoríferos no corpo.