Ondas com um brilho azul intenso surpreenderam moradores e visitantes da Praia da Solidão, em Florianópolis, na noite desta terça-feira (17). Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o mar “acendendo” a cada movimento da água, cenário que assustou quem caminhava pela faixa de areia e levantou dúvidas sobre a origem do fenômeno.
Apesar do aspecto incomum, o fenômeno é conhecido pela ciência como bioluminescência marinha. A luz observada não vem de poluição nem de produtos químicos artificiais, mas de seres vivos microscópicos, principalmente os dinoflagelados, um tipo de fitoplâncton presente no oceano.
Esses organismos emitem luz quando são agitadas pelas ondas, por embarcações ou pelo contato humano. Cada movimento na água ativa uma reação química natural, responsável pela coloração azulada registrada nas imagens.

Por que Santa Catarina registra mais casos
Santa Catarina costuma apresentar maior ocorrência de bioluminescência durante o inverno, período em que as águas do Sul do continente americano se tornam mais frias e ricas em nutrientes, favorecendo a proliferação de algas microscópicas.
O registro desta terça-feira ocorreu em frente à hospedagem Casa 678, na Praia da Solidão, um local com pouca iluminação artificial, condição que facilita a visualização do brilho noturno.
Para que serve a bioluminescência
Para os organismos responsáveis pelo fenômeno, a emissão de luz tem diferentes funções. Na maioria dos casos, atua como mecanismo de defesa, confundindo predadores. Em outras situações, pode ajudar a atrair presas ou parceiros, facilitar a comunicação entre indivíduos da mesma espécie ou até servir como forma de camuflagem.
Além dos dinoflagelados, outros seres marinhos também podem ser bioluminescentes, como águas-vivas, camarões, krill, moluscos, alguns peixes e bactérias, embora o efeito coletivo observado no mar seja geralmente causado pelos microrganismos.
Para que as marés bioluminescentes ocorram, o ambiente precisa estar calmo, quente, com alta concentração de nutrientes e pouca luz artificial. No entanto, a ação humana pode interferir nesse equilíbrio.
O despejo de esgoto e fertilizantes, por exemplo, pode alimentar em excesso os organismos, intensificando o brilho, mas causando desequilíbrio ecológico e prejuízos à saúde do ecossistema marinho. Já o turismo desordenado, com tráfego de embarcações e pisoteamento em áreas sensíveis, pode reduzir a população de dinoflagelados e comprometer o fenômeno a longo prazo.




