O papa Leão XIV confirmou que deixou o Vaticano no último domingo (6) para retomar uma tradição centenária: as férias papais em Castel Gandolfo, uma comuna italiana às margens do lago Albano, a cerca de 25 km de Roma. A última vez que um pontífice usou a residência de verão foi há mais de uma década, com o papa Bento XVI. Seu sucessor, Francisco, aboliu a prática e transformou parte do palácio em museu.
Segundo comunicado da Prefeitura da Casa Pontifícia, Leão XIV permanecerá no local entre os dias 6 e 20 de julho, e depois retornará de 15 a 17 de agosto. Durante o período, estão previstas missas em igrejas locais e orações públicas nas praças da cidade, mantendo o contato com os fiéis mesmo em clima de recesso.
Construído no século XVII, o Palácio Apostólico de Castel Gandolfo é parte de um vasto complexo de 135 acres que inclui a Villa Barberini, exuberantes jardins em estilo renascentista e até uma fazenda produtora de alimentos para o Vaticano. A propriedade pertence à Santa Sé desde 1596 e foi usada durante séculos como refúgio dos papas nos meses mais quentes.
A decisão de Leão XIV de utilizar novamente o espaço como retiro reativa não só uma tradição religiosa, mas também o simbolismo do descanso espiritual longe da sede do papado, em meio à natureza e à história.
Expectativa por turismo e religiosidade
Para os moradores de Castel Gandolfo, a presença do papa pode representar um impulso econômico. A cidade, que antes recebia milhares de turistas durante o verão papal, viu o fluxo cair após a decisão de Francisco de manter-se no Vaticano durante os recessos.
“É uma alegria receber novamente o papa. Esperamos que isso traga mais peregrinos e visitantes para nossa cidade”, declarou o prefeito local. Empresários e comerciantes também veem com otimismo o retorno da tradição.
Entre a herança imperial e a fé cristã
Além do valor espiritual, o local abriga ruínas da antiga vila do imperador romano Domiciano, reforçando o entrelaçamento entre a história imperial e o cristianismo. Os jardins de Belvedere e as estruturas barrocas fazem de Castel Gandolfo uma joia do patrimônio histórico e religioso da Itália.
A escolha do papa Leão XIV em ocupar o espaço sinaliza não apenas um desejo de descanso, mas também de reconexão com o legado e a simbologia da Igreja. Ao reabrir os portões do palácio para a vivência papal, o novo líder da Igreja Católica Romana inscreve seu pontificado em uma linhagem que valoriza a tradição, a contemplação e o vínculo com o povo.
Essa será a primeira vez desde 2013 que um papa viverá o verão em Castel Gandolfo — uma pausa física, mas não espiritual.




