Antes de Guta Stresser imortalizar a personagem Bebel na segunda versão de A Grande Família, exibida entre 2001 e 2014, outras duas atrizes interpretaram a filha de Lineu e Nenê na primeira versão do programa. A primeira delas foi Djenane Machado, nome que brilhou na televisão brasileira nas décadas de 1970 e 1980, mas cuja carreira foi interrompida por uma dura luta contra o vício em álcool e drogas.
Djenane nasceu em 10 de junho de 1951 e estreou na TV em 1968, na novela Passo dos Ventos, de Janete Clair, na TV Globo. A partir daí, construiu uma carreira sólida na emissora, atuando em novelas marcantes como Véu de Noiva (1969), O Cafona (1971), Estúpido Cupido (1976) e Espelho Mágico (1977). Seu papel mais lembrado foi o de Lucinha Esparadrapo, uma jovem hippie em O Cafona, cuja irreverência a tornou uma das personagens mais populares da trama.
Em 1972, Djenane viveu Bebel na primeira versão de A Grande Família. Sua atuação rendeu projeção nacional, mas também marcou o início de sua derrocada. Durante as gravações, a atriz começou a enfrentar problemas de pontualidade e abandonou a série na segunda temporada. A direção da Globo a substituiu às pressas por Maria Cristina Nunes, e Djenane acabou “congelada” na emissora por dois anos.

Nesse período, ela já lutava contra o vício em álcool e anfetaminas. Mesmo assim, ainda brilhou em Estúpido Cupido como Glorinha, personagem que marcou sua última grande participação na televisão. Na segunda metade dos anos 1980, Djenane migrou para outras emissoras, como TV Cultura e Rede Manchete, onde atuou em novelas como Novo Amor (1986) e Tudo ou Nada (1987).
Com o agravamento da dependência química, os convites rarearam. Seus últimos trabalhos foram em papéis menores no cinema, como nos filmes Águia na Cabeça (1984) e Ópera do Malandro (1985). Afastada da vida pública, passou a se tratar e se dedicou à escrita de poesias.

Uma despedida silenciosa e reclusa
Sem filhos, Djenane viveu os últimos anos em reclusão, ao lado de uma cuidadora, em um apartamento herdado no bairro Peixoto, no Rio de Janeiro. Longe dos holofotes há décadas, faleceu em 23 de março de 2022, aos 70 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Colegas de profissão lamentaram sua partida. O ator Ney Latorraca, que contracenou com ela em Estúpido Cupido, declarou ao jornal O Globo:
“Djenane era uma moça bem nascida, falava vários idiomas, poetisa, inteligente. Uma pena que tenha deixado a carreira.”