Astrônomos confirmaram a existência do Kepler-139f, um planeta gasoso com 35 vezes a massa da Terra, localizado em um sistema estelar que já havia sido estudado e onde outros quatro planetas eram conhecidos. A descoberta foi publicada em 2 de maio no The Astrophysical Journal Letters e revela que, mesmo em regiões já mapeadas, o universo ainda guarda surpresas.
O Kepler-139f orbita sua estrela em um período de 355 dias, uma distância comparável à da Terra em relação ao Sol. Apesar do tamanho impressionante e da posição no sistema, o planeta permaneceu “invisível” por anos devido à inclinação de sua órbita, que o impede de transitar diante de sua estrela quando observado da Terra.
O exoplaneta não foi observado diretamente, como é comum em descobertas feitas pelo telescópio Kepler. Em vez disso, os cientistas recorreram a uma combinação de métodos para revelar sua presença.
Analisando variações no tempo de trânsito (TTVs) dos outros planetas do sistema e medições de velocidade radial (RV) da estrela, os pesquisadores identificaram um objeto massivo cuja gravidade afetava as órbitas conhecidas e provocava pequenas “oscilações” no movimento estelar. Esses indícios levaram à confirmação do planeta e ajudaram a recalibrar os dados de outros corpos celestes do sistema.
Por que essa descoberta é importante
A presença do Kepler-139f resolveu inconsistências nas medições anteriores do sistema, como a densidade anormalmente alta de um dos planetas, o Kepler-139c, que agora apresenta características mais compatíveis com seu porte.
Além disso, o planeta está em uma região próxima à chamada “zona habitável” — onde as condições poderiam permitir água líquida. Embora, por ser um gigante gasoso, não possa abrigar vida como conhecemos, sua descoberta reforça a teoria de que muitos sistemas podem esconder planetas semelhantes, ainda não detectados.
Com novas missões de exploração espacial, como o PLATO, da Agência Espacial Europeia (ESA), previstas para 2026, a expectativa é que técnicas como TTV e RV acelerem a descoberta de outros mundos ocultos, revelando mais peças que faltam no “quebra-cabeça” cósmico.