Cientistas do grupo farmacêutico suíço Novartis desenvolveram uma droga experimental em laboratório, uma substância chamada mavoglurant. Inicialmente, o plano era que ela tratasse uma anomalia genética que causa problemas cardíacos e deficiência cognitiva, mas eles acabaram encontrando outra utilidade para o medicamento: tratar o vício em cocaína.
A mavoglurant foi pensada inicialmente para tratar a síndrome do X frágil. Porém, depois do fracasso nos testes, a empresa deixou a substância de lado lá em 2014. Uma década depois, surge essa outra possibilidade de uso para a substância.
Como repercute a Superinteressante, cientistas do grupo farmacêutico realizaram um estudo ao lado de pesquisadores de instituições da Suíça, da Espanha e da Argentina. O experimentou contou com 71 dependentes de cocaína. Durante três meses, metade deles receberam o mavoglurant, enquanto a outra metade recebeu o placebo.
Os cientistas descobriram, por meio de exames de urina dos participantes, que quem estava recebendo o remédio consumiu menos cocaína e com menor frequência. A explicação é que o medicamento inibe os receptores cerebrais mGluR5, que estão ligados ao vício nessa droga.
O estudo clínico já passou por uma segunda fase, com resultados bem semelhantes, indicando a eficiência da substância para ao menos diminuir o consumo de cocaína. Os resultados da segunda fase foram publicados no periódico científico “Science Translational Medicine”.
Mavoglurant pode ser usada para combater o vídeo em outras drogas
“Em tese, ele também poderia ser utilizado para tratar a dependência de crack (ele nada mais é do que cloridrato de cocaína misturado com bicarbonato de sódio e água)”, conta a Superinteressante.
De acordo com o Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Brasil é o segundo país do mundo que mais consome cocaína, com cerca de seis milhões de brasileiros já tendo provado a droga em algum momento da vida.