Até poucos anos atrás, a ideia de alguém conversar com uma Inteligência Artificial como se fosse um amigo ou um terapeuta parecia coisa de ficção científica. Mas as coisas já mudaram. Com a popularização do ChatGPT e das suas variantes, é cada vez mais comum vermos pessoas que conversam com a IA sobre seus problemas. Mas será que é possível usar essa tecnologia como uma substituta para a sua terapia?
Esse é o tema de um artigo publicado por Monah Winograd, Eduardo Zaidhaft e Ramon Reis no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio.
O ChatGPT e outras tecnologias de IA podem ser boas ouvintes?
As tecnologias de inteligência artificial evoluíram muito ao longo dos anos, mas fato é que elas ainda apenas simulam o pensamento humano. Como destaca artigo publicado por Winograd no The Conversation, “uma IA pode parecer inteligente, mas isso não implica senciência, afeto ou desejo.”
O ChatGPT e outros chatbots de IA podem até simular um diálogo com você enquanto você despeja suas questões emocionais ou existenciais nela, mas ela não sente, não deseja e não interpreta.
O trabalho de um terapeuta exige uma escuta que envolve aquilo que máquinas ainda não são capazes de ter de verdade: sentimentos. “Mesmo abordagens que valorizam o sistema fechado da linguagem devem reconhecer que o que as máquinas não têm é justamente o que constitui a experiência psicanalítica: desejo, sentido e afeto”, destaca o The Conversation.
Por isso, como resume o artigo, o ChatGPT e outras IAs podem até manter um diálogo com você. Mas te analisar, de fato, exige emoção. Para isso, ainda não tem outro jeito, a não ser recorrer a pessoas de carne e osso – de preferência, com um diploma de psicólogo ou psiquiatra.