Nos últimos anos, a discussão sobre o descarte correto do papel higiênico voltou ao centro do debate. Embora países como Japão, Alemanha e Estados Unidos façam desse hábito algo comum e seguro, no Brasil a prática continua trazendo riscos significativos — muitos deles invisíveis à primeira vista.
A combinação entre tubulações antigas, baixa pressão de água e papéis que não se dissolvem com facilidade faz com que jogar papel no vaso sanitário se torne uma das principais causas de entupimentos em residências, empresas e banheiros públicos.
A rede sanitária brasileira, especialmente nas áreas urbanas mais antigas, foi projetada para receber apenas dejetos orgânicos e líquidos. Tubulações instaladas há décadas possuem diâmetro reduzido, diversas curvas e inclinações inadequadas, o que favorece o acúmulo de material fibroso como o papel higiênico comum.
Além disso, nem todo papel vendido no país é do tipo hidrossolúvel. Muitos possuem fibras longas e compactas, que não se desintegram rapidamente em água. Em sistemas domésticos e, principalmente, em banheiros de uso intenso — como escolas, hospitais e empresas — o risco se multiplica.
Entupimentos, refluxo e mau cheiro: um problema que começa no papel
Sim, papel higiênico entope vaso — especialmente o tradicional. A espessura do papel, sua resistência e a quantidade descartada de uma só vez determinam a probabilidade de obstrução. Uma vez acumulado nos canos, o material forma barreiras que provocam refluxo, mau cheiro e necessidade de reparos emergenciais.
Em imóveis com fossa séptica, o risco é ainda maior: fibras de celulose não são digeridas adequadamente pelo sistema, acelerando a necessidade de limpeza e afetando o funcionamento do tanque.
O que dizem as normas: por que o descarte no vaso ainda não é regra
Não existe uma proibição legal a respeito do descarte de papel no vaso sanitário. Porém, normas técnicas e sanitárias apontam precauções importantes:
▪ ABNT NBR 8160 (1999)
A norma de sistemas prediais de esgoto recomenda evitar o lançamento de resíduos sólidos que não se desintegram facilmente — caso do papel comum.
▪ ANVISA – RDC nº 50/2002
Em unidades de saúde, orienta o uso de lixeiras com tampa e acionamento sem contato, priorizando a separação de resíduos para evitar riscos sanitários.
Ambientes corporativos e públicos tendem a reforçar essas práticas devido ao grande fluxo de pessoas. A adoção de papéis sanitários profissionais de alta dissolução e sinalização adequada tem sido apontada como a solução mais equilibrada entre higiene e segurança hidráulica.




