Nem frio, nem vento: na Praia do Laboratório, em Angra dos Reis (RJ), o mar está sempre convidativo — com águas quentes o ano inteiro, mesmo nos meses de inverno. O fenômeno curioso acontece por causa da proximidade com as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, que utilizam a água do mar no processo de resfriamento dos reatores e a devolvem ao oceano alguns graus mais quente.
Pouco conhecida e de acesso discreto, a Praia do Laboratório tem sido apelidada de “praia secreta” entre os visitantes. O local encanta quem consegue encontrá-lo: areia branca, vegetação nativa, águas cristalinas e temperatura que lembra uma jacuzzi natural.
Durante a produção de energia nas usinas nucleares, grandes volumes de água do mar são captados para resfriar os sistemas — sem qualquer contato com material radioativo. Após o processo, essa água retorna ao oceano com diferença de 3°C a 5°C, o suficiente para deixar a praia morna mesmo em dias frios.
Segundo monitoramentos realizados pela Eletronuclear e pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) desde 2016, o balneário é seguro e próprio para banho, com qualidade da água dentro dos padrões ambientais.
A temperatura mais alta também atrai tartarugas-marinhas, facilmente avistadas durante mergulhos rasos. Para quem gosta de snorkel, o mar tranquilo e transparente é um convite para explorar a vida marinha.

Como chegar à “praia secreta”
O acesso à Praia do Laboratório é feito pela Rodovia Rio-Santos (BR-101), no sentido Rio de Janeiro. A entrada fica próxima às usinas, por uma estrada asfaltada sem sinalização, o que explica o caráter reservado do local.
Quem se aventura até lá encontra um ambiente preservado, sem quiosques ou restaurantes — apenas vendedores ambulantes aparecem em períodos de alta temporada. Por isso, a recomendação é levar água, lanche e uma sacola para recolher o próprio lixo, contribuindo para manter o equilíbrio ambiental da região.
Beleza natural e curiosidade científica
A Praia do Laboratório combina beleza natural com um toque de ciência. O processo que aquece suas águas é resultado direto da tecnologia de geração de energia nuclear, um exemplo raro de interação entre indústria e meio ambiente com monitoramento constante e controle de impacto térmico.
“A diferença de temperatura é pequena e segura. Não há contato com material radioativo, e a operação é rigidamente fiscalizada”, reforça nota técnica da Eletronuclear.
O resultado é um cenário único: uma praia tropical, cercada por Mata Atlântica, com águas permanentemente mornas e transparentes, ideal para quem busca um refúgio tranquilo e fora do circuito turístico tradicional.