O preço do diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras caiu quase 30% desde janeiro de 2023, mas o consumidor brasileiro pouco percebeu esse alívio no bolso. Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que, enquanto o valor repassado pela estatal recuou 27,4%, a queda média nas bombas foi de apenas 6,9%, gerando surpresa e insatisfação entre motoristas e transportadores.
Na prática, o litro do diesel fornecido pela Petrobras passou de R$ 4,05 para R$ 2,94, mas o preço pago pelo consumidor final caiu de R$ 6,51 para R$ 6,06. A diferença, segundo especialistas, está concentrada principalmente na carga tributária, nas margens das distribuidoras e em mudanças estruturais no setor.
Um dos principais fatores apontados é a retomada da cobrança de impostos federais e estaduais. O ICMS estadual sobre o diesel, por exemplo, saltou de R$ 0,79 para R$ 1,12 por litro, um aumento de 41,77%. Já os tributos federais representam cerca de R$ 0,32 por litro, valor semelhante ao recolhido pelos estados.
Além disso, especialistas destacam que a privatização da BR Distribuidora, hoje chamada de Vibra Energia, reduziu o controle do governo sobre os preços finais e enfraqueceu instrumentos de política pública voltados ao repasse de reduções ao consumidor.
Outro elemento que pesa no preço é o aumento da mistura obrigatória de biodiesel, que encarece o produto final. As margens das distribuidoras, que incluem custos de logística, transporte e estocagem, também contribuem para a diferença — embora esses valores não sejam divulgados de forma transparente.
Impacto no transporte e na inflação
O efeito limitado da redução preocupa especialmente o setor de transporte. O diesel representa até 40% dos custos operacionais das transportadoras, e o frete responde por cerca de 30% do custo total dos produtos que chegam ao consumidor. Com isso, o baixo repasse do desconto restringe a queda dos preços do frete e dificulta um impacto mais significativo na inflação.




