O hambúrguer, símbolo da mesa americana, está pesando no bolso dos consumidores. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que, entre 2 de abril e 18 de agosto, o preço do lote de 45 quilos da carne usada para hambúrguer saltou de US$ 119 para US$ 180, uma alta de mais de 50% em apenas quatro meses.
No mesmo período, a carne moída comum subiu 43% e os cortes de maior qualidade ficaram, em média, 20% mais caros. A disparada contrasta com a inflação geral dos Estados Unidos, que acumula apenas 2,7% em 12 meses.
Tarifaço e impacto na carne brasileira
O aumento coincide com o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, que iniciou em abril com uma taxa global de 10% e, em julho, subiu a sobretaxa sobre a carne brasileira para 50%.
A medida reduziu drasticamente as importações dos EUA: de 44,2 mil toneladas em abril para 12 mil em julho, uma queda de 70%. O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, já busca novos mercados, como o Vietnã, e viu o México ultrapassar os EUA como comprador.
O governo brasileiro reagiu, acionando os EUA na OMC (Organização Mundial do Comércio) sob alegação de que as tarifas violam regras internacionais. Washington, no entanto, alega se tratar de questão de “segurança nacional”, fora do alcance da entidade.
Seca e queda do rebanho
Além das tarifas, fatores internos agravam a escalada de preços. O rebanho bovino americano caiu ao menor nível em quase 75 anos, com menos de 87 milhões de cabeças. A estiagem prolongada no cinturão pecuário reduziu pastagens, encareceu a ração e levou produtores a abater animais mais cedo, encolhendo a oferta.
Segundo analistas, esse movimento deve manter os preços elevados mesmo que a demanda siga estável. “Os custos de produção estão altos e as margens dos pecuaristas continuam apertadas, apesar dos preços recordes”, avaliou o economista Bernt Nelson, da American Farmers Bureau Federation.
Hambúrguer no centro da mesa
O aumento preocupa não só o consumidor, mas também redes de fast-food e supermercados, que já repassam parte da alta às prateleiras. Economistas alertam que, se as tarifas contra o Brasil forem ampliadas, o impacto poderá ser ainda maior no hambúrguer, item mais popular da dieta americana.




