O tradicional “12 por 8”, antes sinônimo de pressão normal, acaba de ser reclassificado. Segundo a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, divulgada durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, o valor passa a ser considerado indicativo de pré-hipertensão. A decisão, que alinha o Brasil a protocolos internacionais, redefine a forma de diagnosticar e tratar a pressão alta.
Elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão, o documento estabelece que apenas valores abaixo de 12 por 8 (120/80 mmHg) serão considerados normais. Já os níveis iguais ou superiores a 14 por 9 (140/90 mmHg) continuam sendo classificados como hipertensão em diferentes estágios.
A meta agora é manter a pressão abaixo de 13 por 8 (130/80 mmHg) em todos os pacientes, independentemente da idade. O objetivo é fortalecer a prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), principais causas de morte no país.
Prevenção precoce e mudança de hábitos
A nova diretriz propõe uma abordagem mais proativa: identificar precocemente quem está em risco e incentivar mudanças no estilo de vida antes que o quadro evolua para hipertensão. Entre as medidas recomendadas estão a prática regular de exercícios físicos, a adoção de uma alimentação equilibrada, o controle do peso, a redução do consumo de álcool e o abandono do tabagismo.
“Essa reclassificação não significa que milhões de pessoas se tornaram hipertensas de um dia para o outro”, explicam os autores da diretriz. “O objetivo é estimular o monitoramento e a prevenção.”
A pressão arterial é a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias. Quando essa força está constantemente alta, o coração e os vasos sanguíneos são sobrecarregados, aumentando o risco de complicações graves.
Tendência mundial
A decisão segue uma tendência internacional. Em 2018, o Colégio Americano de Cardiologia e a Associação Americana do Coração já haviam revisado suas diretrizes, definindo como normal a pressão menor que 12 por 8. Em 2024, o Congresso Europeu de Cardiologia reforçou essa mudança ao rebaixar o limite de normalidade para 12 por 7.
Com a atualização, o Brasil passa a adotar critérios semelhantes, buscando uniformizar diagnósticos e estratégias de prevenção. “É uma atualização essencial para quem busca fazer medicina baseada em evidências”, afirmou a Sociedade Brasileira de Cardiologia nas redes sociais.




