O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute com ministros uma proposta para liberar R$ 30 bilhões em investimentos nas Forças Armadas, ao longo de seis anos, fora do limite de gastos do arcabouço fiscal. A medida, em estudo no Palácio do Planalto, é justificada pelo aumento das tensões geopolíticas e pela necessidade de modernizar projetos estratégicos de defesa.
O dinheiro seria aplicado em programas considerados prioritários, como:
- Marinha: construção do primeiro submarino nuclear brasileiro (Álvaro Alberto), continuidade do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub) e avanço no Programa Nuclear da Marinha.
- Aeronáutica: aquisição e modernização dos caças F-39 Gripen, além de manutenção de sistemas de vigilância e radares.
- Exército: modernização de blindados, expansão da Aviação do Exército e avanço no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).
Alternativa à PEC da Defesa
Nos bastidores, o governo avalia que a proposta de lei complementar seria politicamente mais viável do que a PEC 55, que previa destinar anualmente 2% do PIB à Defesa. Com o novo modelo, o investimento seria pontual e com prazo definido, sem alterar a Constituição.
Risco fiscal e questionamentos
Economistas alertam que a criação de uma nova exceção ao arcabouço fiscal pode abrir precedentes para outras áreas também pedirem flexibilizações. Especialistas em finanças públicas cobram transparência sobre os projetos contemplados e ressaltam que programas de alta tecnologia, como o submarino nuclear, exigem prazos maiores que os seis anos previstos.
Próximos passos
A proposta foi discutida por Lula em reunião com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e José Múcio (Defesa). Ainda não há data definida para o envio ao Congresso, mas o tema deve voltar à mesa nos próximos dias.
Se aprovada, a medida pode reorganizar prioridades orçamentárias e reforçar a estratégia do governo de fortalecer a indústria nacional de defesa diante do cenário internacional mais instável.