A tradicional rede de farmácias Rite Aid, uma das maiores dos Estados Unidos, entrou em falência pela segunda vez em menos de um ano. A empresa, que já havia saído do processo de recuperação judicial em setembro de 2024, voltou a recorrer ao Chapter 11 (recuperação judicial no sistema norte-americano) nesta segunda-feira (10). A decisão surpreende o mercado, especialmente após a rede já ter fechado 800 lojas desde 2022.
A falência da Rite Aid escancara a crise no setor farmacêutico americano, marcada por alta inflação, custos operacionais elevados e concorrência intensa de gigantes como Amazon, Walmart e Costco. Além disso, a rede enfrenta processos judiciais milionários relacionados ao suposto preenchimento indevido de prescrições de opioides, o que fez sua dívida ultrapassar os US$ 4 bilhões.
Tentativa de reestruturação não funcionou
Mesmo após emergir do primeiro processo de recuperação com:
- US$ 2 bilhões em dívidas eliminadas
- Financiamento de US$ 2,5 bilhões para continuar operando
- Fechamento de 500 lojas
…a rede não conseguiu se manter estável. Segundo analistas, o problema principal foi a incapacidade de manter o estoque abastecido e competir em escala com os maiores players do setor.
Com aproximadamente 1.250 lojas ainda em operação (metade do que tinha dois anos atrás), a Rite Aid agora busca compradores para suas unidades remanescentes. Especialistas avaliam que o cenário mais provável é que redes concorrentes adquiram apenas unidades estratégicas da Rite Aid, mantendo abertas somente as mais lucrativas.
Falência da Rite Aid reflete crise em outras redes
A situação da Rite Aid não é isolada. Outras grandes redes também enfrentam sérias dificuldades:
- Walgreens: anunciou plano de privatização avaliado em até US$ 24 bilhões e já encerrou mais de 1.200 unidades.
- CVS: reduziu sua rede com o fechamento de mais de 1.000 lojas e está adotando um novo modelo de unidades menores, focadas apenas em farmácia.
Segundo o analista Neil Saunders, a primeira falência da Rite Aid “não resolveu os problemas estruturais da empresa”, e a nova tentativa de recuperação pode não ser suficiente para salvá-la do colapso total.