No meio do deserto de Karakum, no norte do Turcomenistão, uma imensa cratera de 69 metros de largura e 30 metros de profundidade, apelidada de “Porta do Inferno”, arde ininterruptamente há mais de meio século. Alimentada por uma reserva natural de gás subterrâneo, a Cratera de Darvaza é um dos fenômenos mais enigmáticos do planeta — e, surpreendentemente, pode estar chegando ao fim.
Segundo Irina Luryeva, diretora da estatal Turkmengaz, a intensidade das chamas diminuiu quase três vezes nos últimos meses, tornando a cratera visível apenas de perto. O anúncio foi feito durante uma conferência internacional sobre hidrocarbonetos em Ashgabat, capital do país.
A origem do fogo eterno é envolta em mistério. A versão mais aceita remonta a 1971, quando geólogos soviéticos, ao perfurarem em busca de gás natural, colapsaram uma câmara subterrânea por acidente. Com medo de uma liberação maciça de gases tóxicos, decidiram incendiar o local, esperando que as chamas se extinguissem em poucas semanas.
Mas o fogo nunca parou. Há 54 anos, a cratera queima sem cessar, consumindo milhões de metros cúbicos de metano anualmente e transformando-se em um ponto turístico macabro, atraindo mais de 10 mil visitantes por ano.
Mistério e vida em meio ao fogo
Apesar das temperaturas extremas — que podem superar 1.000°C — e da emissão constante de gases sulfúricos, há relatos curiosos sobre a presença de aranhas e outros pequenos animais ao redor da cratera.

Pesquisas científicas diretas ainda são escassas, mas estudos de ambientes semelhantes indicam que aranhas adaptadas ao calor podem caçar nas proximidades, aproveitando o brilho do fogo que atrai insetos durante a noite. Muitas se abrigam em fendas e rochas durante o dia, surgindo apenas ao cair da noite para caçar.
O fim próximo?
Com a redução do fogo e a construção de poços de contenção para capturar o metano antes que chegue à atmosfera, especialistas acreditam que a “Porta do Inferno” pode estar naturalmente se apagando.
Ainda não há previsão oficial para o fim definitivo das chamas, mas os cientistas afirmam que o fenômeno pode estar em seus últimos anos.
Seja como for, a Cratera de Darvaza permanece como um dos lugares mais bizarros e icônicos do planeta, uma mistura de desastre humano, espetáculo natural e mistério geológico que fascina turistas e intriga cientistas desde os tempos da Guerra Fria.