Presente em praticamente todas as casas brasileiras, o paracetamol é um dos medicamentos mais consumidos no mundo para o alívio de dores e controle da febre. De venda livre nas farmácias, o remédio é considerado seguro quando utilizado corretamente. No entanto, o uso em excesso pode ser letal, e o risco é maior do que muitos imaginam.
A superdosagem do paracetamol pode causar danos graves ao fígado, com potencial para evoluir para falência hepática, necessidade de transplante e, em casos extremos, levar à morte. O perigo maior é que isso pode acontecer de forma acidental, especialmente quando o paciente combina diferentes medicamentos que contêm a substância, algo comum em tratamentos de gripe e resfriado.
Como a overdose acontece
O paracetamol está presente não apenas em analgésicos isolados, mas também em antigripais e medicamentos combinados. Com isso, muitas pessoas acabam ingerindo mais do que a dose segura sem perceber.
Algumas situações de risco incluem:
- Tomar dois comprimidos de 750 mg em vez de um;
- Misturar um remédio para dor com um antitérmico, ambos com paracetamol;
- Tomar a próxima dose antes do intervalo recomendado.
Segundo a FDA (agência reguladora dos EUA) e a Anvisa, a dose máxima por dia é de 4.000 mg (4 g) para um adulto saudável, e o limite por dose é de 1.000 mg (1 g). Contudo, no Brasil, é fácil encontrar comprimidos com até 750 mg, o que aumenta o risco de ultrapassar esse limite.
Um exemplo prático (e alarmante)
Imagine uma pessoa gripada que toma:
- 1 comprimido de 750 mg para dor,
- e depois um antigripal com 400 mg de paracetamol.
Em uma única dose, ela ingere 1.150 mg — já acima do limite por dose recomendado. Se repetir isso a cada 6 horas, em 24 horas terá consumido 4.600 mg de paracetamol, ultrapassando o máximo diário e sobrecarregando perigosamente o fígado.
Quando o paracetamol é consumido em excesso, o fígado não consegue processar a substância de forma adequada. Isso leva à formação de subprodutos tóxicos que danificam as células hepáticas. Os sintomas de intoxicação podem não aparecer de imediato, mas evoluem rapidamente, incluindo:
- Náuseas e vômitos,
- Dor abdominal,
- Icterícia (pele e olhos amarelados),
- Confusão mental,
- Insuficiência hepática.
Casos graves exigem transplante de fígado urgente.